Daria para fazer uma ponte ligando a Europa e a África?
Tecnicamente daria e essa obra até está em fase de estudos. O problema é encontrar alguém que financie os 45 bilhões de reais estimados para a empreitada. Esse é o valor do projeto tido como o mais respeitado, o do escritório de engenharia americano T.Y. Lin. À primeira vista, a idéia nem parece tão complexa. […]
Tecnicamente daria e essa obra até está em fase de estudos. O problema é encontrar alguém que financie os 45 bilhões de reais estimados para a empreitada. Esse é o valor do projeto tido como o mais respeitado, o do escritório de engenharia americano T.Y. Lin. À primeira vista, a idéia nem parece tão complexa. Apenas 13 quilômetros de mar Mediterrâneo separam os dois continentes na parte mais curta do estreito de Gibraltar, entre a Espanha e o Marrocos. Então até a nossa ponte Rio-Niterói, com 13,2 quilômetros, daria conta disso, certo? Errado: o tráfego intenso de navios no Mediterrâneo torna impossível construir algo como a ponte fluminense, que é sustentada por dezenas de pilares. A saída seria fazer uma estrutura suspensa. Nesse tipo de construção, a ponte fica presa não por pilastras, mas por cabos fixados em duas ou três torres enormes, deixando a parte de baixo livre para os barcos. O problema é que estruturas assim não podem ser tão grandes.
Tanto que a maior ponte suspensa do mundo, próxima a Tóquio, no Japão, tem só 3,9 quilômetros de comprimento. Mas os projetistas da ponte euro-africana contam com uma mãozinha da natureza para driblar esse obstáculo. No meio do estreito de Gibraltar, há uma montanha submersa cujo topo fica a 450 metros de profundidade. Essa montanha permitiria instalar uma torre extra de sustentação a meio caminho entre os continentes. A ponte, então, ficaria dividida em dois trechos com cerca de 7 quilômetros, facilitando a construção. Mesmo assim o preço da obra continua empacando as coisas. Só seria possível uma redução significativa se o aço utilizado nos cabos fosse substituído por compostos mais leves, como a fibra de carbono. “Para sustentar o peso de cabos de aço, as torres teriam de ter quase 1 quilômetro de altura. Com a fibra de carbono, cinco vezes mais leve, elas só precisariam ter 500 metros. Isso reduziria enormemente os custos”, diz o engenheiro civil Charles Seim, responsável pelo projeto da T.Y. Lin.
A maior ponte suspensa do mundo teria torres mais altas que as do WTC
Tráfego livre
O grande movimento de barcos na região traz um problema: como construir a ponte sem prejudicar esse fluxo? A saída seria construir primeiro as duas torres laterais, em áreas que têm pouca navegação. Nas obras da torre do meio, haveria avisos para que os barcos desviassem. Já os pedaços das pistas seriam levados por cabos suspensos nas torres
Pára-choque marítimo
O estreito de Gibraltar é um dos trechos marítimos mais congestionados do planeta. Estima-se que 50 mil embarcações pesadas passem por ali todos os anos. Para evitar que esses trambolhões se choquem contra a estrutura, a solução seria montar bóias de dezenas de metros de diâmetro perto das bases. Elas serviriam como um pára-choque
Fibras saudáveis
O material do leito das pistas não seria o tradicional concreto, mas a fibra de vidro. Além de ser cinco vezes mais resistente que o concreto, ela tem outra vantagem: uma parte que rachasse poderia ser facilmente substituída, sem danificar o resto. Com a fibra, as cinco pistas de cada lado poderiam ser construídas em dias, e não em meses
Torres trigêmeas
Três enormes torres sustentariam a ponte, cada uma delas com 500 metros de altura. Isso é mais que os 411 metros das “Torres Gêmeas” do velho World Trade Center (WTC), em Nova York. Elas teriam que ser altas porque, quanto maior o peso que os cabos seguram, mais eles envergam como um varal de roupas
Desenho híbrido
A ponte teria duas caras. Parte dela lembraria antigas pontes suspensas, com cabos encurvados, em forma de “M”, que permitem vias mais extensas. Já no pedaço próximo às torres haveria cabos retos, iguais aos usados em pontes menores. Eles são imprescindíveis, já que sustentam pelo menos uma parte da estrutura com mais força que os cabos em “M”
Rali Glasgow-DaCar
Se o projeto sair do papel, no futuro será possível sair de carro da Escócia, no extremo norte da Grã-Bretanha, e chegar à Cidade do Cabo, no sul da África. No trajeto, o motorista passaria por duas maravilhas do mundo moderno: pela sonhada ponte de Gibraltar e pelo já real túnel do canal da Mancha
Ajuda da natureza
As duas torres laterais estariam fincadas em águas com 300 metros de profundidade. A central ficaria a 450 metros, graças a uma montanha submersa que há bem no meio do estreito de Gibraltar. Não fosse ela, as vigas teriam de ir a quase 1 quilômetro de profundidade, o que é considerado impossível
Na internet:
https://dsc.discovery.com/convergence/eti/projects/bridgemain.html