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Já existem livros e notícias escritas por computadores?

Existem romances e textos jornalísticos escritos por softwares

Por Felipe Sali
Atualizado em 22 fev 2024, 10h35 - Publicado em 14 set 2015, 16h45

ilustra Serrrgio

edição Felipe van Deursen

Sim. Desde romances até a seção de homicídios de jornais, há algoritmos de criação de textos que trabalham praticamente sem precisar de nenhum humano por perto. Ou seja, são escritores e redatores 100% digitais. Em boa parte, isso é possível graças ao chamado Aprendizado de Máquina. “Artigos e livros com boas avaliações são apresentados a esses algoritmos, que aprendem o padrão usado na composição de um texto de qualidade”, explica André Ponce de Leon, do Departamento de Ciência da Computação da USP. “Para isso, eles procuram simular o processo de aprendizado dos seres humanos.” Em jornais e revistas de grande porte, a mão humana trabalha apenas na revisão final. Em veículos menores, nem assim. Veja os casos mais emblemáticos.

Reunião de pauta

Robôs escritores já fazem coisas notáveis. E não precisam de café

Produção em massa

O economista Philip M. Parker criou um código que escreveu e publicou mais de 1 milhão de artigos. A ideia é atender nichos minúsculos (exemplo: exportadores de geladeira tchecos). Os críticos dizem que o programa peca por informações incompletas e textos muito rasos

Robô Nobel

A famosa literatura russa já tem um representante eletrônico: PC Writer 1.0, autor de True Love.wrt. É uma versão de Anna Karenina, de Leon Tolstoi, ao estilo do japonês Haruki Murakami. O programa se baseou ainda em outros 17 livros. Segundo os críticos, o resultado ficou razoável

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Era uma vez…

A Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, desenvolveu um programa capaz de escrever fábulas. Basta selecionar o tema que será abordado (ganância, orgulho ou imprudência,por exemplo) e aguardar para que o software desenvolva uma história com lição de moral. Imagine usar isso para dar indiretas no Facebook?

Mais rápido que uma bala

Em 2014, um software ficou famoso por ser o primeiro a noticiar um terremoto em Los Angeles, EUA. O Quakebot, como é chamado, demorou apenas três minutos para escrever um texto com as informações básicas do evento. O jornal Los Angeles Times usa um programa semelhante para gerar relatórios sobre homicídios

Favorito da redação

Em 2014, a agência de notícias Associated Press implantou um software para escrever matérias sobre relatórios financeiros de empresas. A agência declarou que, desde então, o número de textos que cobrem a área subiu de 300 trimestrais para 4.400. Nenhum jornalista foi demitido. Em vez disso, eles ganharam tempo para se dedicar a reportagens e artigos mais aprofundados

No Brasil

Em 2011, a PUC-Rio criou uma parceria com o Globo Esporte.com para desenvolver algoritmos capazes de auxiliar a redação a criar textos de jogos de futebol. O programa gerava estatísticas e informações sobre as partidas e exibia palavras-chave que resumiam o perfil do jogo, como “goleada” e “jogo truncado”. Hoje,por questões técnicas, o portal usa somente parte dessa tecnologia

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Debate: um robô jornalista pode ser tão bom quanto um humano?

Sim “Nunca esquece fatos, pesquisa rapidamente, nunca pede folga e escreve em segundos. E nunca será tendencioso – o jornalista robô pode ser completamente imparcial.” (Noam Latar, doutor em comunicações pelo MIT)

Não “Os algoritmos não serão capazes de escrever uma nota que transmita uma análise mais profunda, além dos dados. Não tão cedo.” (Daniel Schwabe, Departamento de Informática, PUC-Rio)

LEIA TAMBÉM

– Como publicar seu próprio e-book?

– Quais os robôs humanoides mais importantes já criados?

– Que robôs são utilizados na indústria e na saúde?

Consultoria André Ponce de Leon F. de Carvalho, professor de ciência da computação na USP, e Daniel Schwabe, professor do Departamento de Informática da PUC-Rio

Fontes Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e sites MIT Technology Review e Narrative Science

NOTA: esta matéria foi pautada, apurada, redigida, editada, ilustrada, desenhada, publicada em revista impressa e postada nas redes sociais por seres humanos. Mas gostaríamos de trabalhar com um robô. Viva a diversidade.

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