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O que é xamanismo?

Não é uma religião

Por Rodolfo Viana
Atualizado em 22 fev 2024, 10h08 - Publicado em 22 dez 2017, 17h19
(Tom Ventre/Mundo Estranho)

Pergunta do leitor Robson Vilanova Ilha, São Sepé, RS
Edição Felipe van Deursen

É uma prática ancestral que busca estabelecer uma ligação com o sagrado. Não é uma religião, pois não há livros canônicos nem uma mitologia específica. O xamanismo é, na verdade, um conjunto de rituais muito antigos, como danças e músicas que atravessam séculos, uso de substâncias psicoativas encontradas em ervas e palavras usadas para evocar espíritos aliados.

Isso remonta aos primórdios da humanidade, quando não havia distinção entre religião e ciência. Vários povos, cada um à sua maneira, buscavam em elementos da natureza uma conexão com algo superior. Por isso mesmo, não dá para cravar uma época nem local de origem. A palavra “xamã” vem de “saman”, termo usado pelos tungues, povo do nordeste da Sibéria, para se referirem “àquele que conhece”.

Da Coreia ao Peru
Povos xamânicos se espalham pelo mundo todo. Veja o que eles têm em comum

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Substâncias psicoativas
Para expandir a consciência, muitos grupos bebem, mastigam ou fumam ervas psicotrópicas. Na Sibéria, toma-se chá do cogumelo Amanita muscaria durante o solstício de inverno. No Brasil, a bebida mais conhecida veio do vizinho Peru. Feita da mistura do cipó-mariri com o arbusto chacrona, a ayahuasca serve a adeptos do Santo Daime e a tribos como os caxinauás

Rituais de dança e música
Na província de Hwanghae, na Coreia do Norte, há a tradição da geosangchum, dança de oferenda aos deuses ao som de tambores, flautas e cítaras. No Brasil, sobretudo no Nordeste, tribos como os cariris-coxós e os potiguares mantêm o ritual do toré para se ligar aos “encantados”. Ao som de maracas, trombetas e vozes em coro, as pessoas formam um imenso círculo que gira em torno do centro

Defumação e incenso
Rituais de purificação e limpeza geralmente envolvem defumação – de um local ou de uma pessoa – e queima de incenso e de ervas. Grupos xamânicos da África do Sul, de Moçambique e do Zimbábue “banham-se” nas fumaças de Helichrysum petiolare. Já em algumas regiões do Canadá, há povos que queimam cedro enquanto oram pelo “grande espírito”

Ervas que curam
O combate a doenças por meio de “plantas de poder” é outra tradição. Na Índia, grupos maceram folhas de manjericão-branco e as colocam sobre as articulações para ajudar no tratamento de dores nas juntas. Já a nação cheroqui, da América do Norte, usa mifelólio em cortes para estancar o sangramento

Dá para misturar com religião?
Segundo especialistas, essa prática seria uma espécie de pré-religião

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O xamanismo é a “mãe de todas as nações”, acredita Cyro Leão, representante deste tema no Fórum Inter-Religioso para uma Cultura de Paz e Liberdade de Crença, da Secretaria Estadual de Justiça de São Paulo. O motivo é simples: ele antecede todas as doutrinas criadas pelos humanos. Por isso, há vestígios de práticas xamânicas em diversos credos: a defumação nas cerimônias católicas, o banho de ervas no candomblé, o passe no espiritismo, a meditação no budismo…

Com influência mais ou menos notória, esses ritos têm sua raiz no xamanismo. “Tenho uma aluna que, sem mencionar que se tratava de uma prática xamânica, levou para um centro comunitário de uma igreja católica a meditação com tambor”, lembra Cyro. “Pode-se dizer que as religiões representam um xamanismo adaptado”, concorda Léo Artese, xamã e estudioso com diversos livros publicados sobre o te

FONTES Livros Xamanismo e as Técnicas Arcaicas do Êxtase, de Mircea Eliade, An Encyclopedia of Shamanism, Volume One, de Christina Pratt, e The Anthropology of Health and Healing, de Mari Womack

 

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