O que podem fazer os robôs da Nasa mandados para Marte?
Que os jipes-robôs Spirit e Opportunity mandaram as melhores imagens já feitas de Marte, todo mundo sabe. Mas o trabalho deles foi bem mais longe. Cada um levou equipamentos capazes de analisar detalhes do solo marciano com quase tanta precisão quanto um laboratório terráqueo. A parafernália toda foi desenvolvida com um objetivo básico: mostrar se […]
Que os jipes-robôs Spirit e Opportunity mandaram as melhores imagens já feitas de Marte, todo mundo sabe. Mas o trabalho deles foi bem mais longe. Cada um levou equipamentos capazes de analisar detalhes do solo marciano com quase tanta precisão quanto um laboratório terráqueo. A parafernália toda foi desenvolvida com um objetivo básico: mostrar se Marte realmente teve água líquida num passado distante – requisito para a vida como a conhecemos. O microscópio dos dois robôs gêmeos, por exemplo, pôde mandar imagens em close de pedras marcianas para os cientistas estudarem se a textura delas foi moldada por rios e mares. Já para as análises mais profundas, cada robô levou dois espectrômetros, equipamentos que analisam os diferentes raios de luz que uma substância reflete. Assim é possível “ver” quais e quantos elementos formam os tipos diferentes de rochas marcianas. E isso pode indicar se a água teve ou não algum papel na evolução química dessas rochas. A busca por H2O também fica clara quando a gente vê os lugares escolhidos para os pousos. O Spirit foi mandado para um vale que tem todo o jeitão de um leito seco de rio.
E o Opportunity desceu em um terreno cheio de hematita – um mineral composto de ferro e oxigênio e que geralmente se forma na presença de água. Os jipes-robôs foram feitos para explorar esses terrenos seguindo ordens da Terra. A cada manhã marciana, depois que a luz natural ativa seus painéis solares, eles recebem uma lista de tarefas a serem feitas naquele dia. Os robôs vagam pelo planeta a um ritmo de 5 centímetros por segundo (0,18 km/h). Parece coisa de tartaruga, mas já é bem mais rápido que a média de velocidade de um jipinho anterior, o Sojourner, de 1997. A dupla atual pode andar até 40 metros por dia, enquanto o antecessor não passava de 10 metros. O Spirit e o Opportunity foram projetados para continuar em ação até abril.
Braço articulado dos veículos exploradores carrega minilaboratório e furadeira
1. DETETIVE DE ROCHAS
Um espectrômetro que equipa o robô tem a missão de buscar compostos de ferro, mineral que sempre aparece misturado a outros elementos, como o oxigênio. O equipamento estuda se tais compostos se formaram na presença de água
2. Inspetor químico
Há também um espectrômetro de radiação. Ele analisa emissões de raios X (radiação invisível, que varia de um elemento químico para outro) e de partículas alpha (que sai de minerais radioativos) para conhecer a composição das rochas de Marte
3. VISÃO CLÍNICA
Cada jipe-robô tem um microscópio que filma com resolução de 1 megapixel. Ele focaliza áreas bem pequenas, com 3 centímetros de diâmetro. O microscópio pode tirar fotos de ângulos diferentes para montar imagens 3D ultradetalhadas do solo marciano, buscando traços de água ou sinais de que seres vivos já estiveram por lá
4. FURADA PREVISTA
Como Marte é uma poeira só, a composição interna das rochas é diferente da superficial. Então cada jipe-robô tem uma broca que faz buracos de 5 centímetros de diâmetro por 5 milímetros de profundidade nas pedras. Assim o microscópio e os dois espectrômetros conseguem vasculhar o interior da rocha. O equipamento leva pelo menos duas horas para fazer a perfuração
5. OLHOS BEM ABERTOS
Duas câmeras principais ficam a 1,47 metro de altura. Elas funcionam como olhos: a imagem de uma completa a da outra, formando uma visão estéreo. Cada ponto (pixel) que forma as imagens digitais corresponde a um espaço real de 1 milímetro. É algo próximo da visão humana. Panorâmicas, elas giram 360º na horizontal e 180º na vertical