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O Santo Sudário é legítimo?

Estudos feitos no pano a partir dos anos 1970 revelaram detalhes sobre a crucificação, mas muita gente acha que a peça é uma farsa datada do século 14

Por Tiago Jokura e Giselle Hirata
Atualizado em 22 fev 2024, 10h06 - Publicado em 27 mar 2018, 16h55

Ao longo dos séculos, a peça de linho que teria envolvido Jesus após a crucifixão (e recebido uma impressão de seu corpo) é tema de muita discussão. Alguns defendem sua autenticidade. Outros acreditam que seria uma farsa medieval bem elaborada.

(Rafael Nunes/Mundo Estranho)

1) PANO DAS ANTIGAS
O Sudário, peça rústica de puro linho, foi confeccionada em tear manual, com técnicas de fiação utilizadas no Oriente Médio na época de Jesus. Vestígios de fibras de um tipo de algodão local, o Gossypium herbaceum, também contradizem a ideia de que o lençol teria sido fabricado entre os séculos 13 e 14 – já que, segundo John Tyrer, pesquisador do Instituto Têxtil de Manchester, essa espécie não era cultivada na Europa durante a Idade Média

2) FLOR NATIVA
Outro elemento que sustenta a autenticidade do lençol mortuário é o pólen encontrado no tecido. Em 1999, o botânico Avinoam Danin confirmou que o Sudário continha vestígios (do século 8) de plantas que só existiam em Jerusalém. É o caso da espécie Gundelia tournefortii, que teria sido utilizada na confecção da coroa de espinhos

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3) ROSTO ESTAMPADO
Uma possível explicação para a formação da imagem é a reação de Maillard, na qual os gases libertados pelo cadáver reagem com a fina camada de celulose das fibras de tecido. Para as marcas não serem cobertas por outras manchas, seria preciso que o corpo fosse retirado da mortalha antes de começar a se decompor – hipótese que se sustentaria com a ressurreição, relatada na Bíblia

4) SEM FALSIFICAÇÃO
No século 14, para abafar as discussões, o papa Clemente VII declarou que as manchas não passavam de uma pintura que representava o verdadeiro Sudário de Cristo. Mas pesquisas não detectaram vestígios de tinta e sim de sangue, do tipo AB – considerado raro entre os europeus e comum entre os judeus do Oriente Médio. Além disso, as marcas estão apenas numa camada superficial do tecido, o que técnica nenhuma de pintura medieval seria capaz de reproduzir

5) ANATOMIA EM CRUZ
O primeiro registro histórico data de 1354, quando o Sudário foi entregue a uma igreja na cidade francesa de Lirey pelo conde Geoffroy de Charnay. O tecido foi fotografado pela primeira vez em 1898, por Secondo Pia – foi a partir da foto que se descobriu a imagem do “corpo de Cristo”. Desde 1973, quando o Vaticano liberou a peça para análises científicas, alguns estudos mostraram que as marcas (frontal e dorsal) são compatíveis com as de um homem crucificado (veja abaixo). Imagens 3D feitas por pesquisadores dos EUA em 1978, revelaram detalhes que nenhum falsificador do século 13 teria como produzir

6) DATA POLÊMICA
Em 1988, o Sudário foi submetido a um teste com carbono 14 – um método para descobrir a data em que o material foi produzido. O resultado indicou entre 1260 e 1390, tornando impossível o uso do mesmo por Jesus. Mas novas pesquisas sugerem que resíduos de um incêndio em 1532 podem ter “contaminado” a peça. Resíduos bacterianos também são apontados II_ como causadores de possíveis falhas na datação

7) TRADIÇÃO JUDAICA
Em 2009, arqueólogos da Universidade Hebraica descobriram, no cemitério de Haceldama (em Jerusalém), uma tumba do século 1 com fragmentos de mantos usados para cobrir mortos da cabeça aos pés, como o Sudário. A descoberta apoia a tese, até então sem suporte arqueológico, de que isso fosse um costume judaico da época

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(Rafael Nunes/Mundo Estranho)

I) Cabeça perfurada – A coroa de espinhos não seria uma tiara, como é comumente retratada, mas uma espécie de capacete que cobria toda a cabeça. Os espinhos mediam 5 cm e causaram 72 perfurações

II) Traços faciais – O rosto, a barba e os cabelos que aparecem estampados no lençol apresentam características de um grupo racial semita – o que apoiaria a ideia de que Jesus era judeu

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III) Penteado tradicional – O historiador inglês Ian Wilson percebeu nas imagens que o morto usava uma espécie de trança meio desmanchada nas costas. Na época de Jesus, era comum os judeus trançarem os cabelos atrás do pescoço

IV) Marcas de pregos – No pulso e não nas mãos – como se acreditava na época medieval. Com isso, os nervos medianos são rompidos, provocando a retração dos polegares para dentro das mãos

V) Machucados – Ferimentos nos ombros e nas costas indicam que o morto carregou uma barra horizontal e sofreu quedas no percurso, já que apresenta contusões graves no joelho e no nariz

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O outro lado

Análises científicas e históricas colocam em xeque a autenticidade da mortalha de Cristo

– No período feudal, o descobrimento de relíquias era uma atividade vantajosa (e lucrativa) para a Igreja Católica cuja maioria dos devotos era analfabeta e supersticiosa

– Em pesquisa publicada na revista Nature, datações por carbono 14, feitas em laboratórios diferentes, resultaram em uma data de origem próxima aos séculos 13 e 14

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– Uma análise do perito em autenticação de obras de arte Walter McCrone indica pigmentos também do século 14 no Sudário

– Curiosamente, os primeiros documentos a mencionar o Santo Sudário também datam do século 14

– A imagem estampada no pano representa um corpo humano desenhado ao estilo da arte gótica, também do século 14

FONTES Sites O Globo, Terra e Leituras da História

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