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Qual é a origem da lenda da Loira do Banheiro?

Acredite ou não, a loira existiu de verdade e teve uma história bem trágica

Por Saulo Sobanski
Atualizado em 22 fev 2024, 10h07 - Publicado em 14 fev 2018, 16h39
Loira-Banheiro
(Doug Firmino/Mundo Estranho)

Ela surgiu a partir de uma história real do século 19. A lenda, que já é parte do imaginário adolescente em muitos colégios brasileiros, descreve o espírito de uma garota jovem e loira de vestes brancas, com pedaços de algodão no nariz, ouvidos e/ou na boca, que surge depois de um ritual de invocação. Esse rito varia de acordo com o colégio: as possíveis etapas incluem chamá-la três vezes em frente ao espelho, bater a porta do banheiro, chutar o vaso sanitário, puxar a descarga e falar palavrões – às vezes, tudo isso junto. Algumas dessas características, tanto do ritual como do espírito, foram adaptadas da lenda norte-americana da Maria Sangrenta, um espírito feminino que aparece em espelhos quando você chama pelo nome três vezes. Mas a loira do banheiro tem uma origem real e documentada.

1. A lenda teria surgido da história real de Maria Augusta de Oliveira Borges, nascida no final do século 19 em Guaratinguetá (SP). A jovem de cabelos acobreados era filha do visconde de Guaratinguetá e foi obrigada pelo pai a casar-se aos 14 anos com o conselheiro Dutra Rodrigues, um homem muito mais velho e influente. Infeliz com o casamento arranjado, ela vendeu suas joias e fugiu para Paris em 1884, aos 18 anos, onde viveu até 1891, quando morreu, aos 26. Com o sumiço do atestado de óbito, o motivo da morte é um mistério até hoje

2. A família trouxe o corpo de volta ao Brasil. Até que o túmulo fosse construído, o cadáver da jovem foi mantido em uma urna de vidro no casarão da família para visitação pública. Arrependida, a mãe, Amélia Augusta Cazal, não queria enterrar Maria, mesmo com a sepultura pronta. Mas ela começou a ter diversas visões da filha pedindo que fosse enterrada, o que a fez finalmente decidir pelo sepultamento. Pouco mais de uma década depois, em 1902, a casa deu lugar à Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves

3. Os boatos de que o espírito vagava pela escola já existiam, mas a história da “loira do banheiro” ganhou força quando um incêndio misterioso comprometeu parte do prédio em 1916. Sugeriu-se que Maria teria morrido de raiva, doença comum na Europa da época e que causa desidratação nas vítimas – daí o incêndio. De acordo com a lenda, o espírito anda pelos banheiros da escola abrindo torneiras para saciar sua sede e pedindo que seja enterrado. Há moradores que dizem ter sentido um forte cheiro de perfume feminino momentos antes de encontrar a aparição

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Pergunta da leitora – Rafaela Nogueira, São José dos Campos, SP

FONTES Livro História e Memória da Escola Complementar de Guaratinguetá (1906-1913), de Debora Maria Nogueira Corbage; site G1; blog Fontes Primárias no Vale do Paraíba

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