Taí uma pergunta difícil de responder. Antes de tudo, vamos lembrar que existem vários tipos de efeitos: as explosões pirotécnicas, as ilusões de ótica, as recriações em computador… Essa diversidade toda gera dilemas na hora de bolar um ranking: uma seqüência de cinco minutos de uma animação computadorizada, por exemplo, vale a mesma coisa que uma explosão de dez segundos? Ambas devem contar como um único efeito especial? E quando mais de um efeito aparece na mesma cena? Para evitar a bagunça total, a gente partiu para um critério mais objetivo: concedemos o título ao filme que gastou a maior porcentagem de seu orçamento em efeitos especiais. Até hoje, o recordista é o clássico 2001: Uma Odisséia no Espaço, filmado em 1968. Essa superprodução do diretor Stanley Kubrick custou 10,5 milhões de dólares, dos quais 6,5 milhões – mais de 60% do total, portanto – foram para a produção de efeitos. Bem mais complicado é dizer qual filme torrou mais grana nos efeitos em números absolutos. Os grandes estúdios escondem o jogo, mas dá para ter algumas pistas. Na época do lançamento de O Homem Aranha 2, por exemplo, os produtores divulgaram um investimento de 54 milhões de dólares – cerca de 25% do orçamento do filme – nas estripulias digitais do herói. Em outra história conhecida, a trilogia O Senhor dos Anéis, dá para deduzir que o diretor Peter Jackson queimou boa parte dos 300 milhões do orçamento em imagens digitais. O primeiro filme da série teve 560 efeitos gerados em computador, o segundo mais de 800 efeitos e o terceiro 1 500. Mesmo assim, o grande recordista em número de tomadas com efeitos digitais é o filme A Vida em Preto e Branco, de 1998, com 1 700! Já a mais grandiosa explosão da história é ainda mais recente: ela apareceu em Pearl Harbor, no ano de 2001. Esse “cabum” gigantesco custou 5,5 milhões de dólares, consumiu 700 bananas de dinamite e 18 mil litros de gasolina. Se hoje o computador faz quase todo o serviço, nos primórdios do cinema a coisa toda era no braço, com criatividade e grandes sacadas. Nessas páginas, a gente recria os principais passos dessa história especial.
1893 – Marco mortal
O primeiro efeito especial da história apareceu no filme The Execution of Mary, Queen of Scots (“Execução de Mary, Rainha da Escócia”). Na cena da decapitação de Mary, a câmera mostrava a atriz com a cabeça num bloco de madeira. Quando o machado estava para atingi-la, a gravação foi parada, a atriz saiu da cena e um boneco tomou seu lugar. Dá para ver a seqüência no endereço https://memory.loc.gov/ammem/edhtml/edmvchrn.html
1902 – Luar animado
O francês Georges Méliès introduziu a primeira cena de animação na telona no Filme Viagem à Lua, a pioneira ficção científica do cinema. Méliès usou seus conhecimentos de mágico para fazer pessoas “desaparecerem”. Ele fazia isso parando a câmera, retirando a autor e voltando a filmar
1907 – Aves mecanizadas
Para recriar o pássaro gigante que seqüestra um bebê no filme Rescued from an Eagle’s Nest (“Resgatado de um Ninho de Águia”), o italiano Edwin Porter usou bonecos mecanicos pela primeira vez no cinema. Para dar a sensação de movimentos ele também mudava a posição dos modelos e os filmava quadro a quadro
1923 – Corcunda inovadora
Famoso pela maquiagem impressionante, o filme O Corcunda de Notre Dame também foi o pioneiro a usar a sobreposição de imagens. O truque era simples: como uma película pode ser filmada várias vezes, o diretor filmava um cenário, rebobinava o filme e depois gravava as cenas do autor em cima do que já estava no fotograma
1925 – Marionetes jurássicas
O filme O Mundo Perdido misturou persinagens de verdade com marionetes e animações. Para contar a bistória de uma expedição que descobre dinossauros em plena selvaamazônica, os produtores criaram 49 monstros pré-históricos com armações de madeira e controlados por fios de borracha. O sucesso foi imediato
1927 – Ilusão de ótica
Na Alemanha, os diretores de fotografia Karl Freund e Eugen Schüffan começaram a estudar uma maneira de criar efeitos ópticos que dessem a idéia de distância ou grandeza. O resultado mais bem acabado é o clássico Metrópolis, em que câmeras com lentes especiais transformam as maquetes do cenário em um ambiente muito mais realista
1933 – Primata primoroso
Lançado com estardalhaço, a saga do gorilão King Kong entrou para a história por reunir o melhor dos efeitos especiais inventados até então. Tem de tudo: animação, maquetes e bonecos interagindo de maneira surpreendente. O próprio Kong, que na tela parece um primata gigantesco, era na verdade um boneco articulado de 45 centímetros
1953 – Real e virtual
O filme O Mostro do Mar usou a técnica da tela dividida para aperfeiçoar a sobreposição de imagens. O diretor dividia o quadro da câmera e cobria um lado com uma máscara negra. Primeiro, filmava os atores. Depois, voltava o filme, cobria o lado dos atores e filmava na outra metade os monstros. A impressão era que tudo tinha sido filmado ao mesmo tempo
1977 – Ficção computadorizada
Para mostar seu cultuado Guerra nas Estrelas, o diretor George Lucas precisou unir a animação quadro a quadro, o blue screen – quando os atores representam na frente de um fundo azul e i cenário é inserido depois – e o computador, que começa a aparecer no cinema naquela época. O trabalho atrasou o lançamento do filme em cinco meses, mas valeu a espera
1993 – Dinos realistas
Uma das grandes evolução na história de efeitos especiais veio com Parque dos Dinossauros. Para recriar com realismo os monstros pré-históricos, o diretor Steven Spielberg usou animações em computador por um sistema hidráulico e impulsos elétricos que alteravam as expressões faciais dos bichos