Retrato Falado: Dennis Nilsen, o serial killer carente
Dennis Nilsen (1945-2018) se apaixonava pelas vítimas, praticava necrofilia e, mesmo assim, achava que o seu método era o mais misericordioso possível
ilustra Doug Firmino
edição Felipe van Deursen
1. De ascendência norueguesa e escocesa, Nilsen era o filho do meio de um casal que se divorciou quando ele tinha 3 anos. Com isso, o menino ficou muito próximo do avô, mas ele morreu cedo, quando Nilsen tinha só 6 anos. O garoto cresceu cada vez mais recluso e quieto. Na puberdade, sentia-se confuso e com vergonha em relação à sua sexualidade
2. Em 1961, Nilsen se alistou no Exército britânico. À medida que se aproximou dos colegas, ele passou a ter fantasias sexuais com os recrutas, imaginando molestá-los enquanto dormiam. Evitava tomar banho com os outros soldados e se masturbava em seu alojamento enquanto admirava uma pintura do século 19 que mostrava uma balsa com náufragos (!)
3. Ele deixou o Exército em 1973, juntando-se à polícia metropolitana de Londres, a famosa Scotland Yard. De dia, ficava nostálgico e infeliz, lembrando seus dias no Exército. À noite, divertia-se em boates gays distantes de seu círculo social. No ano seguinte, ele largou a polícia. Passou a trabalhar ainda com segurança privada e sindicatos
4. Em uma noitada, Nilsen conheceu um rapaz de 20 anos, com quem passou a morar junto. O relacionamento durou até o fim de 1978. Logo em seguida,Nilsen conheceu um menino de 14 anos em um bar. Embebedou-o e o levou para casa. De manhã, enquanto ele dormia, estrangulou-o. Antes de enterrá-lo sob o piso da casa, fez brincadeiras sexuais. Oito meses depois, desenterrou o corpo e o queimou em uma fogueira com pneus
5. Em 1979, Kenneth Ockendon saiu com Nilsen e foi para a casa dele. O assassino o estrangulou com o fio de um fone de ouvido e passou a tratar o cadáver como um namorado. Almoçava e conversava com ele (só não havia sexo). Depois, pendurou-o na parede. Todo dia, antes de dormir, dizia “boa noite” a ele
6. Entre 1979 e 1981, Nilsen matou oito rapazes entre 18 e 26 anos. Além de estrangulá-los e manter relações sexuais com seus corpos, em alguns casos ele os desmembrou. Após passar um tempo com os cadáveres, enterrava-os sob o piso da casa. O cheiro ficou tão ruim que Nilsen precisou limpar seu cemitério particular, novamente com uma fogueira de pneus
7. Nilsen mudou de endereço e ficou quase dois meses sem cometer crimes. Em novembro de 1981, tentou atacar um jovem de 19 anos, que escapou (ele não prestou queixa por temer a homofobia policial). Na nova casa, foram quatro vítimas, assassinadas da mesma forma. Mas um rapaz experimentou uma certa misericórdia
8. O sortudo era Carl Stottor. Após um porre, Nilsen tentou estrangulá-lo com um saco de dormir. Stottor recobrou a consciência, e o assassino tentou afogá-lo na banheira. Certo de que ele estava morto, colocou-o sentado no sofá. O cão de Nilsen lambeu Stottor para reanimá-lo, e ele “ressuscitou” de novo. Por alguma razão, o serial killer o deixou viver
9. A nova casa tinha desvantagens para um assassino como Nilsen: sem quintal, numa área urbanizada, com vizinhos próximos. Desovar corpos era mais complicado. Nilsen passou a mutilá-los. Além disso, fervia a cabeça, as mãos e os pés para dificultar a identificação. Por fim, jogava na privada. Até que o sistema de esgoto começou a dar problemas. Nilsen precisou chamar uma desentupidora
10. Os encanadores encontraram pedaços de carne nos drenos da casa. Resolveram voltar outro dia. Nilsen limpou os encanamentos, mas a equipe insistiu em buscar mais fundo. Não deu outra. Eles encontraram partes reconhecíveis de corpos. Acionaram a polícia, que interrogou Nilsen e encontrou mais pedaços embalados em sacos plásticos. A casa era uma fedentina só. Em 9 de fevereiro de 1983, Nilsen foi preso
QUE FIM LEVOU?
Após uma longa batalha jurídica, Nilsen foi condenado à prisão perpétua por seis mortes e uma tentativa de assassinato. Ele permaneceu encarcerado na prisão de Full Sutton, em Yorkshire, Reino Unido, até morrer, em 12 de maio de 2018, aos 72 anos
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FONTES Sites Daily Mail e Scotland Yard; livrosDennis Nilsen, de Russ Coffey, Killing for Company, de Brian Masters, The Black Museum, de Bill Waddell