Teoria da Conspiração: Os rastros deixados por aviões fazem mal?
Sabe aquelas linhas de nuvem que aviões deixam no céu? Para alguns conspirólogos, elas podem deixá-lo estéril ou doente
ILUSTRAWagner Souza
PERGUNTA Fabiano Jorge do Amaral, Monte Mor, São Paulo
Algo de podre no ar
Chamada nos EUA de chemtrail, essa teoria da conspiração afirma que osrastros de fumaça deixados por aeronaves não são fenômenos acidentais. Eles conteriam produtos químicos capazes, por exemplo, de “dopar” a população, tornando-a mais manipulável. Ou ainda causar doenças cujos remédios já estão prontos e gerariam lucros milionários a grupos farmacêuticos
Mais aviões, menos gente
A teoria mais comum alega que os rastros conteriam substâncias inodoras que diminuiriam nossa capacidade de gerar espermatozoides e óvulos eficientes. Uma espécie de castração química, portanto. Estudos mostram que a queda do índice de fecundidade (ou seja, a média de filho por mulher) tem sido proporcional ao crescimento do tráfego aéreo
Espelho pulverizado
Uma vertente diz que essas nuvens são partículas de prata e alumínio para refletir os raios solares, reduzindo o aquecimento global. Mas não há nada positivo nisso: essa seria a gambiarra encontrada por grandes empresas para contornar o problema, em vez de serem obrigadas a reduzir a queima de combustíveis fósseis. Os mais paranoicos vão além e dizem que essa técnica também está causando escurecimento do planeta
Não é natural
Céticos podem insistir que é normal aviões deixarem rastros de nuvem. Mas eles são breves, curtos e, geralmente, brancos. Os conspirólogos insistem que os chemtrails são diferentes. Eles ficam horas no céu e têm comprimentos mais longos. Há também registros de formatos incomuns, como ziguezagues e elos de correntes, e cores bizarras, como marrom
Domando furacões
Já houve testes para alterar o clima desse jeito. Nos anos 60, o projeto Fúria da Tempestade, criado pela Nasa, previa o depósito de iodeto de prata no interior de furacões para “congelá-los” e diminuir sua intensidade. Nos anos 90, uma experiência do cientista Edward Teller garantia que a emissão de óxido de alumínio acima da troposfera refletiria raios solares
Ninguém está de olho
Para alguns, os rastros são gerados pelas Forças Armadas. Só no ano passado, os EUA destinaram US$ 52,6 bilhões para “ações secretas”. Para piorar, voos militares não precisam ter registros públicos. “Há mais de 50 operações de mudança climática nos EUA e nenhuma com supervisão adequada”, afirmou Rosalind Peterson, ex-membro do Departamento de Agricultura
Opinião de quem sabe
Controladores de voo, meteorologistas e pilotos de aviões comerciais têm falado para a imprensa ou denunciado em órgãos de aviação possíveis deformações nos tradicionais rastros de fumaça. “Trilhas normais sempre duraram poucos minutos. O que vejo agora, posso garantir, não é natural e não é normal”, disse em conferência o ex-piloto Jeff Nelson
O céu é o limite
Em 1996, a Força Aérea dos EUA publicou o artigo “Clima como um Multiplicador de Força: Dominando o Clima em 2025” – uma pesquisa que descrevia métodos de geoengenharia e nanotecnologia para dispersões aéreas capazes de controlar fenômenos climáticos. Foi o suficiente para que a teoria dos chemtrails ganhasse respaldo científico e popularidade
POR OUTRO LADO
Chemtrails são possíveis, mas não há indícios de que estejam sendo aplicados em larga escala
– Os rastros de fumaça surgem quando as turbinas dos aviões liberam vapor d’água gerado na queima do combustível. Em contato com a atmosfera fria, o vapor se condensa em cristais de gelo, formando riscos brancos
– A variação da duração, da forma e da cor dos rastros tem a ver com o tipo de combustível, de motor e com a temperatura da atmosfera
– Eles sempre são gerados a partir da turbina – onde não há compartimento para armazenar as “substâncias secretas” dos chemtrails
– Em um documentário, o Discovery Channel avaliou, de surpresa, o combustível comercial do Aeroporto Internacional de Flint, em Michigan, e constatou não haver nenhum elemento químico estranho à fórmula
– Nenhum laboratório ou cientista sério constatou a presença de elementos estranhos nesse material. Até o governo do Canadá e o do Reino Unido já se manifestaram a respeito
– A relação entre queda de fecundidade e aumento do tráfego aéreo não existe: são frutos distintos de avanços como novos métodos anticoncepcionais e o barateamento da tecnologia de aviação
– Experimentos (inclusive da Nasa) mostram que o tráfego aéreo está agravando o aquecimento global, e não reduzindo-o
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