Jomar Morais
A Costa dos Coqueiros, trecho do litoral baiano ao norte de Salvador, é um pedaço de paraíso que abriga alguns dos resorts mais famosos do Brasil. Justo nesse cenário de beleza e sossego, um inimigo invisível ameaça o homem com uma doença incômoda e traiçoeira: a leishmaniose. Segundo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a Bahia é o terceiro maior foco, no país, de leishmania – o protozoário causador da doença. Perde apenas para o Pará e o Mato Grosso. Mais: boa parte dos 3 300 casos anuais de leishmaniose registrados na Bahia concentra-se na aprazível costa dos resorts. Existem dois tipos de leishmaniose. Na versão branda, cutânea, a doença provoca feridas na pele e deformações no rosto. Na forma visceral, o fígado e o baço da vítima são praticamente destruídos pelo protozoário e o sistema imunológico entra em colapso. O desfecho é quase sempre a morte do paciente, causada por infecções e hemorragias. Mas a Bahia não é um caso isolado.
Tradicional moléstia rural que atinge 30 000 brasileiros por ano, a leishmaniose vem avançando sobre as cidades. A Universidade Federal de Minas Gerais e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estudam a criação de uma vacina comestível, utilizando a alface como veículo. Nos Estados Unidos, cientistas testam, em ratos, um antídoto extraído da saliva do próprio mosquito flebótomo, que trasmite a leishmaniose, ainda não contaminado pela doença.