A matemática do coquetel
Como fazer cada um dos principais drinks do planeta - com uma precisão mililítrica
Do boteco mais chinfrim ao balcões em que James Bond bebericava seu dry martíni, os barmen revezam entre seu dom de psicólogo e o rigor científico. A SUPER levantou com eles suas receitas, que revela aqui com precisão mililítrica
Rabo de galo
50% – Vermute – Uma dose*
50% – Cachaça – Uma dose*
MAIS OGRO, IMPOSSÍVEL
No início eram os cocktails americanos – a mistura de destilado qualquer com açúcar, água e bitters (aperitivos amargos). Quando chegou ao Brasil, seu nome foi aportuguesado para “coquetel”. Já a versão de boteco recebeu a tradução literal: “rabo de galo”.
Submarino
88% – Cerveja – 300 ml
12% – Tequila – Uma dose*
ARRIBA, ABAJO, AL CENTRO, ADENTRO!
O copinho de tequila imerso na cerveja é pileque na certa, não pela mistura de destilado e fermentado, mas porque toda bebida com gás aumenta a pressão no estômago, o que força uma absorção rápida do álcool pela mucosa do órgão.
Bombeirinho
67% – Cachaça – Uma dose*
33% – Groselha – Meia dose*
PARA ACENDER O FOGO
Criado nos bares pé-sujo dos anos 1980, ele usa a generosa dose de groselha para que a pinga não desça queimando. Além disso, o açúcar do xarope dá um aumento no nível de glicose do sangue, que cai quando o fígado está ocupado metabolizando o álcool.
Cuba Libre
17% – Rum – 50 ml
2% – Limão – Uma rodela
63% – Coca-Cola – 190 ml
18% – Gelo – 4 pedras
ANTES DO EMBARGO
Sua origem não é a tensão entre EUA e Cuba, mas a Guerra Hispano-Americana (1898), na qual os EUA apoiaram os caribenhos contra a Espanha colonial. Para comemorar a vitória, soldados ianques misturaram a Coca com o rum cubano.
Sex on The Beach
40% – Suco de laranja – 100 ml
12% – Licor de pêssego – 30 ml
20% – Vodca – 50 ml
20% – Gelo – 4 pedras
8% – Grenadine – 20 ml
UMA PARA O BOCÃO
Dizem que Mick Jagger criou o drinque para cortar o álcool, a pedido de seu médico. Mas a versão mais aceita da história é que foi invenção do restaurante TGI Fridays nos anos 1990. Depois trocaram “sex” por “fun” (diversão), mas não pegou.
Cosmopolitan
42% – Vodca – Uma dose
16% – Suco de cranberry – 15 ml
37% – Cointreau – 35 ml
5% – Limão-siciliano – Um gomo
ÁCIDO ANTIÁCIDO
A ciência explica por que o limão está em tantos drinques, como o preferido de Carrie, de Sex and the City. Após ingerido, o ácido cítrico se transforma em citrato de sódio, que é alcalino. Isso evita que o álcool baixe o pH do sangue, normalmente básico.
Caju Amigo
15% – Gelo – 4 pedras
20% – Caju – 1 unidade
5% – Açúcar – 1 colher
45% – Água tônica – 150 ml
15% – Gim – 50 ml
O TRAGO DO PEITO
A invenção foi do barman Guilhermino Ribeiro dos Santos, do bar Pandoro, em 1974. No início a bebida não tinha nome, mas acabou virando caju amigo de tanto os clientes pedirem a Guilhermino: “Me vê um caju, amigo”.
Dry Martíni
75% – Gim – 60 ml
5% – Azeitona – 1 unidade
20% – Vermute seco – 15 ml
“MISTURADO, MAS NÃO BATIDO”
Em 1910, o milionário John Rockefeller pediu ao barman do hotel Knickerbocker, em Nova York, algo simples e diferente. Nascia o drinque com mais variações e menos ingredientes de todos. Para James Bond, nada de bater.
*1 dose = 40 ml
Fontes: Pedro Alves Cardoso, barman do Wall Street; Alcimar Torres, gerente, e Reginaldo Alves de Deus, barman do Boteco do Valdir; Luiz Antônio, chefe do Bar da Dona Onça; Associação Brasileira de Bartenders (ABB) e International Bartenders Association (IBA).