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As bactérias que moram no seu peito podem prevenir o câncer de mama

Os micróbios que fizeram ninho no seu peito podem ser o segredo de um novo tratamento para o câncer.

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 10 out 2016, 15h15

Se você é mulher, tem um monte de bactérias morando no seu peito. E o tipo de micróbio que fez ninho por ali pode diminuir (ou aumentar) o seu risco de câncer de mama.

Até dois anos atrás, a ciência ainda acreditava que o tecido das mamas era estéril. Bactéria mesmo, só no leite das mães de recém-nascidos. Foi em 2014 que uma pesquisa canadense revelou que as mulheres que nunca tiveram leite também tinham uma microbiota vivendo naquele tecido – e cada mulher tem sua própria seleção especial de micróbios vivendo por ali.

Bactéria nem sempre é sinal de infecção: a maioria delas convive numa boa com o nosso corpo. O exemplo mais famoso é a microbiota no intestino, que não só ajuda a digestão como pode ter efeitos muito mais amplos, influenciando em doenças como depressão e ansiedade.

Seguindo a rota do intestino, os pesquisadores investigaram se o tipo de comunidade microscópica que vive no peito teria algum impacto sobre o câncer de mama. Eles coletaram amostras das mamas de 58 pacientes que estavam tratando tumores nos seios e de outras 23 mulheres que não tinham sido diagnosticadas com câncer de mama.

A análise mostrou que as mulheres com histórico de câncer tinham o peito povoado por uma quantidade bem maior de três tipos de bactéria: Enterobacteriaceae, Staphylococcus, e Bacillus. Em laboratório, os cientistas observaram que essas bactérias afetam algumas células humanas, levando ao rompimento de moléculas de DNA, um tipo de dano genético que pode ser o gatilho para o desenvolvimento do câncer.

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Já nas mulheres sem câncer de mama, a quantidade de bactérias desse tipo era menor. Outros tipos, como Lactococcus e Streptococcus eram mais presentes. Essas sim trazem vantagens para o peito hospedeiro: elas produzem antioxidantes que ajudam a neutralizar moléculas que danificam o DNA.

A conclusão dos pesquisadores é que seu risco de câncer pode aumentar ou diminuir de acordo com os bichinhos que você carrega nas mamas. Mas estar com o peito cheio de bactérias “do mal” não é uma sentença. Pelo contrário: ao contrário do risco genético, que não dá para a gente mudar, a microbiota do peito vai se transformando.

O próximo passo dos cientistas vai ser investigar se dá para alterar a composição da comunidade microbiana das mamas usando suplementos probióticos, ricos em bactérias que ajudam no combate do câncer.

A princípio, a ideia é boa: outro estudo na Espanha já mostrou que os “lactobacilos vivos” que você toma no leite fermentado conseguem alcançar as glândulas do peito. Pode ser que, daqui a alguns anos, o tratamento preventivo para o câncer de mama seja tão simples quanto tomar um Yakult.

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