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Astronautas são mais vulneráveis ao vírus da herpes, diz estudo da Nasa

Estudo mostrou que vírus é reativado em mais da metade dos astronautas — e isso é preocupante para futuras missões espaciais.

Por A. J. Oliveira.
19 mar 2019, 18h22

Os obstáculos para enviar uma pessoa a Marte ou à Lua não são apenas de natureza tecnológica ou financeira. Acima de qualquer coisa, é preciso garantir que os tripulantes de espaçonaves em missões de longa duração explorem o espaço em segurança. E mais: que retornem para casa com saúde. Adivinhe só? Ainda não somos capazes de fornecer essa garantia básica nem mesmo a quem vai à órbita baixa e molha os tornozelos nas águas do oceano cósmico, como dizia Carl Sagan.

Um estudo financiado pela Nasa, publicado em fevereiro deste ano no periódico Frontiers in Microbiology, mostrou que seres humanos em missões fora da Terra ficam mais vulneráveis aos diferentes tipos de vírus da herpes. Dos 89 astronautas que estiveram a bordo de ônibus espaciais ente 1981 e 2011, 47 apresentaram um ou mais versões do agente infeccioso em amostras de saliva ou urina; já entre os 23 tripulantes da Estação Espacial Internacional (ISS), 14 estavam contaminados.

Segundo o estudo, quanto mais tempo a pessoa passa no espaço, mais vulnerável ela fica para contrair não só herpes, mas também uma série de outras infecções. As missões dos ônibus espaciais analisadas na pesquisa eram mais breves, costumavam durar de 10 a 16 dias, enquanto as da ISS levavam, em média, seis meses (180 dias). Os resultados preocupam os especialistas porque acendem uma luz vermelha nos planos de missões longas à Lua ou ao planeta vermelho, por exemplo.

 

“Durante o voo espacial, há um aumento na produção de hormônios de stress como cortisol e adrenalina, que são conhecidos por suprimir o sistema imunológico”, disse, em comunicado, Satish Mehta, um dos autores do artigo. “Nós descobrimos que as células imunológicas dos astronautas – em particular aquelas que normalmente eliminam os vírus – tornam-se menos efetivas durante o voo espacial e, às vezes, por até 60 dias depois”, afirmou o pesquisador do Centro Espacial Johnson, da Nasa.

Adversidades físicas como a ausência de gravidade, a radiação cósmica e os impactos do lançamento e da reentrada são agravadas por fatores emocionais, como a separação social, confinamento e uma confusão no ciclo do sono. Por sorte, apenas seis dos 89 voluntários analisados desenvolveram os sintomas de herpes no espaço – o que não exclui a necessidade de criar alternativas para preservar a saúde dos astronautas.

No ambiente espacial, bactérias ficam mais fortes. Segundo Elisabeth Grohmann, professora da Universidade Beuth de Ciências Aplicadas de Berlim, na Alemanha, esses micro-organismos desenvolvem maior resistência a antibióticos, tornam-se mais vigorosos e se multiplicam mais rápido fora da Terra. Some a isso a maior a vulnerabilidade da tripulação e pronto: doenças sérias podem dar as caras.

Daí porque, junto a outros pesquisadores, Elisabeth está pesquisando uma nova tecnologia para blindar os tripulantes. Trata-se de uma espécie de película biológica especial para revestir as superfícies da ISS. Batizada de AGXX®, a camada é feita de prata e rutênio, e tem propriedades antimicrobianas.

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No estudo, publicado nesta terça-feira (19) no mesmo Frontiers in Microbiology, o revestimento foi aplicado no local da ISS mais propenso a germes – a porta do banheiro. Após seis meses, nenhuma bactéria foi detectada na superfície; ao final de um ano e sete meses, apenas 12 micro-organismos foram identificados, uma redução de 80% em comparação ao aço, material que reveste as estações.

Ideias como essa certamente são um avanço, mas ainda precisamos fazer muito mais. “Temos que continuar a desenvolver métodos de combate a infecções bacterianas se pretendemos embarcar em missões para Marte ou outros planetas”, afirma Grohmann.

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