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Brasil pode ter até 12 vezes mais casos de Covid-19 que a contagem oficial

Devido à falta de testes, apenas 8% dos casos da doença podem estar sendo identificados, segundo um novo estudo.

Por Bruno Carbinatto
14 abr 2020, 18h46

Apenas 8% dos casos de Covid-19 estão sendo notificados nos números oficiais, segundo novas estimativas feitas pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois) e divulgadas nesta segunda-feira (13). Com isso, o número total de casos no país pode ser até 12 vezes maior do que se acredita atualmente. 

Até o dia 13 de abril, o Brasil tinha 23.430 casos confirmados e 1.328 óbitos, segundo o Ministério da Saúde. Isso significa que, de acordo com o novo estudo, o país pode ter na verdade mais de 280 mil casos no total, com muitos passando despercebidos.

A equipe, formada por pesquisadores da PUC-Rio, Fiocruz, USP e IDOR, analisou a taxa de letalidade observada no Brasil em comparação com a taxa esperada da doença, com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) corrigidos para pirâmide etária do país, já que se sabe que a idade dos pacientes é um fator que altera a probabilidade de morrer. 

Com os números de até 10 de abril, a equipe calculou que a taxa de letalidade esperada de casos com desfecho concluído –pacientes que se curaram ou morreram – deveria ser de 1,3%, enquanto a taxa de letalidade observada nos dados oficiais era de mais de 16%. Isso indica que a maioria esmagadora dos casos pode estar passando despercebida por não estar sendo testada, sejam eles de quadros assintomáticos, com sintomas leves que podem se passar por um resfriado ou mesmo de casos mais severos que não foram testados ou cujos resultados ainda não saíram.

A subnotificação de casos provavelmente resulta do número reduzido de testes que o país vem realizando. Quando a doença  chegou ao país, a recomendação era testar todos os casos suspeitos. Com o tempo, ficou claro que a demanda seria muito grande, então o protocolo passou a ser priorizar os testes em casos mais graves da doença, quando há sintomas respiratórios. O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já admitiu que não há testes para “todo mundo”, devido a dificuldade de comprar os produtos em meio à demanda global.

A equipe também calculou o grau de notificação para cada estado brasileiro. Mato Grosso do Sul e Distrito Federal são os que mais notificam seus casos, beirando os 28%. Já São Paulo e Rio de Janeiro, considerados dois grandes epicentros da pandemia no país, têm taxas de notificação abaixo da média nacional: 6,47% e 7,16%, respectivamente. O pior de todos da lista é a Paraíba, com apenas 2,2% dos casos identificados.

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No caso de São Paulo, como cita o estudo, “apenas 24% do total de testes para Covid-19 foram entregues, segundo os dados do boletim epidemiológico 19 divulgado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em 07/04/2020″.

“O elevado grau de subnotificação pode sugerir uma falsa ideia de controle da doença e, consequentemente, levar ao declínio da implementação de ações de contenção, como o isolamento horizontal”, escreveram os pesquisadores na nota técnica.

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Como já mostramos aqui na SUPER, alguns dos países que vem conseguindo melhores resultados no combate ao vírus estão apostando em testes em massa em sua população para identificar os doentes e permitir que eles sejam isolados completamente. Isso inclui pessoas assintomáticas ou com sintomas leves, que já sabemos que são possíveis transmissoras do vírus. Alguns países que apostam nessa estratégia são Alemanha, Islândia, Coreia do Sul,Taiwan, Hong Kong e Cingapura, por exemplo.

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