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Cérebro é capaz de produzir neurônios mesmo na velhice, diz estudo

Cientistas acreditam que a descoberta abre novos caminhos para o desenvolvimento de terapias contra o Alzheimer.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 27 mar 2019, 10h10 - Publicado em 26 mar 2019, 21h14

Tem tempo que a ciência investiga até quando acontece a neurogênese – processo pelo qual novos neurônios são produzidos e que se dá, principalmente, na infância. Mas há duas décadas estudos vêm mostrando que o nascimento de novas células se estende até a vida adulta. E, possivelmente, a terceira idade.

É o que sugere uma pesquisa publicada, nesta segunda-feira (25), na respeitada revista científica Nature. No trabalho, conduzido por cientistas espanhóis, foram analisadas amostras de tecido cerebral de pessoas que já haviam morrido, todas com idades entre 43 e 87 anos. Os pesquisadores notaram a presença de neurônios recém-nascidos e uma pequena variação da neurogênese ao longo do tempo.

A pesquisa se concentrou em analisar o hipocampo, a área da massa cinzenta responsável, entre outras coisas, por guardar e recuperar nossas memórias. É graças a ele que lembramos dos nossos pratos favoritos da infância, da sensação de começar um novo ano escolar ou de como foi incrível a primeira excursão com os colegas de classe.

E também é essa a região mais afetada pelo Alzheimer. Para analisar como a neurogênese se dá entre os adultos e idosos que sofrem com essa doença cognitiva, os estudiosos da Espanha também analisaram pedaços do hipocampo de indivíduos entre 52 e 97 anos de idade que tinham o problema quando estavam vivos. Como era de se esperar, eles apresentavam uma queda acentuada e progressiva na geração de novos neurônios.

O desafio da ciência é descobrir maneiras de reverter esse declínio – e, consequentemente, frear o Alzheimer. As principais terapias estudadas até agora focam em impedir o acúmulo da proteína beta-amiloide no cérebro de pessoas com a doença. Ela se amontoa em grandes quantidades na massa cinzenta e impede a comunicação entre os neurônios, além de contribuir para a morte deles. Até agora, nenhum medicamento desenvolvido foi bem-sucedido.

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Os cientistas espanhóis acreditam que esse novo trabalho chama atenção para o que outras pesquisas já vêm alertando: é preciso mudar o alvo. Talvez o caminho para vencer o Alzheimer não seja bloquear a beta-amiloide, mas encontrar alternativas. Para isso, é essencial seguir investigando o que acontece no nosso cérebro.

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