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Cientistas brasileiros descobrem o que acontece no cérebro após uma amputação

Pesquisadores identificaram que a comunicação entre os hemisférios esquerdo e direito da massa cinzenta fica prejudicada

Por Luiza Monteiro
27 fev 2019, 18h22

É comum que pessoas que perderam um braço ou uma perna, por exemplo, continuem a sentir o membro após a amputação. Estamos falando da síndrome do membro fantasma, que atinge até 90% dos amputados. O indivíduo tem a sensação de que aquela parte do corpo ainda está ali e, em certos momentos, pode sentir como se ela estivesse se movimentando. Há casos até em que a pessoa sente dor, a chamada dor fantasma.

Mas por que isso acontece? Quais mecanismos cerebrais explicam essa sensação? É o que cientistas do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), no Rio de Janeiro, estão investigando. No último dia 21 de fevereiro, eles publicaram uma parte dos achados na revista Scientific Reports.

No estudo, foram comparados exames de ressonância magnética de 18 indivíduos: nove que tiveram uma perna amputada e apresentam a síndrome do membro fantasma e outros nove que nunca perderam uma parte do corpo. Os pesquisadores se concentraram em analisar como se dava a conectividade funcional do cérebro dos voluntários – isto é, como se comunicam as áreas sensoriais e motoras da massa cinzenta antes e após a perda do membro.

Durante a ressonância, os participantes amputados receberam estímulos físicos com uma escova no pé remanescente e no coto (a parte do membro perdido que permanece após a amputação). No caso daqueles que tinham as duas pernas, a estimulação se deu na coxa.

Ao analisar os exames, os pesquisadores perceberam que, nos amputados, a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais (direito e esquerdo) estava prejudicada. Eles acreditam que isso se deva a um fato descoberto em um estudo anterior: após a amputação, o corpo caloso (estrutura que conecta áreas responsáveis pelo movimento e pelo tato dos dois lados do cérebro) trabalha de forma menos eficiente.

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Outra constatação: as áreas sensoriais e motoras do hemisfério cerebral que regiam o membro perdido apresentaram  maior conectividade. “Há um desequilíbrio da organização funcional do cérebro, mesmo naqueles que não possuem dor fantasma”, disse, em nota, Ivanei Bramati, responsável pela pesquisa.

O time brasileiro pretende seguir com o estudo para entender mais a fundo a relação entre as mudanças que acontecem na massa cinzenta e a síndrome do membro fantasma – e explicar por que alguns amputados não a apresentam.

Eles esperam que isso ajude, no futuro, no desenvolvimento de tecnologias e dispositivos capazes de evitar a síndrome e melhorar, assim, a qualidade de vida de quem passou pelo trauma de perder uma parte do corpo.

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