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Cientistas propõem nova definição da obesidade; entenda o que muda

Divisão da doença em casos clínicos e pré-clínicos, assim como ocorre com o diabetes, pode ajudar no tratamento de milhões de pessoas.

Por Eduardo Lima
17 jan 2025, 18h00

Uma simples mudança na forma como a ciência e os profissionais da saúde pensam sobre obesidade poderia ajudar a tratar milhões de pessoas ao redor do mundo. Pelo menos é esse o argumento de uma equipe internacional de cientistas, que defende a criação de uma nova categoria de “obesidade pré-clínica” que vá além do simples cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), obesidade é o acúmulo excessivo de gordura corporal que pode ser uma ameaça à saúde.

O distúrbio é normalmente diagnosticado com o cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal), uma medida criada no século 19 calculada a partir do peso e da altura de um indivíduo. Um número entre 18,5 e 24,9 é considerado saudável. Entre 25 e 29,99, a categoria é “sobrepeso”. Acima de 30, a pessoa passa a ser classificada como obesa.

O excesso de gordura corporal pode prejudicar o funcionamento de órgãos como o fígado e o pâncreas, além de aumentar o risco de doenças como câncer e distúrbios cardíacos. Porém, a ciência tem descoberto que essa definição pode ser simplista, já que a obesidade é uma doença mais complexa do que puro e simples “excesso de gordura”. Além disso, o IMC, por mais que seja prático e fácil, não é a melhor forma de avaliar quem está acima ou abaixo do peso ideal.

O IMC não mostra se o peso “em excesso” vem de gordura corporal ou de mais massa muscular e massa óssea. Mesmo técnicas mais precisas que ele, como a medida da cintura ou até exames de raio-x, não são tão categóricos porque os níveis de gordura corporal sozinhos não definem a saúde de alguém. Cada pessoa reage de forma diferente à gordura de acordo com sua idade, hábitos de alimentação, genética e muitos outros fatores.

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É por causa dessas limitações que uma comissão internacional de cientistas, liderada por Francesco Rubino no King’s College de Londres, propôs trazer mais nuances para o diagnóstico de obesidade, considerando 18 sintomas relacionados ao peso e dividindo a doença em casos clínicos e pré-clínicos.

As sugestões, endossadas por 76 organizações médicas ao redor do mundo e baseadas em estudos recentes na área, foram publicadas no periódico The Lancet Diabetes & Endocrinology.

Obesidade clínica vs pré-clínica

A ideia dos pesquisadores é que tanto a obesidade clínica quanto pré-clínica seriam caracterizadas por gordura corporal excessiva, mas com mais nuances.

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Nessa nova definição, apenas a forma “clínica” incluiria os 18 sintomas causados pela gordura em excesso, como problemas respiratórios e dificuldade de realizar atividades cotidianas. A obesidade “pré-clínica” aumenta o risco de, no futuro, desenvolver os sintomas relacionados à obesidade, mas, no presente, ela só representa excesso de peso, sem alteração na função dos órgãos.

As novas definições propostas para o diagnóstico de obesidade são parecidas com a caracterização da diabetes. Quando alguém tem níveis de açúcar no sangue mais altos do que o recomendado, mas não tão altos para caracterizar diabetes tipo 2, ela é pré-diabética.

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O documento propõe que os profissionais da área da saúde façam uma medida dos níveis de gordura corporal usando exames de raio-x, além do tradicional cálculo do IMC (um número acima de 40 continuaria sendo considerado como obesidade).

Depois do raio-x, um exame de sangue seria realizado para analisar a saúde dos órgãos, além de uma consulta para avaliar se o paciente tem sintomas. Assim, vai ser possível chegar a um diagnóstico mais específico – e a tratamentos mais eficazes.

Com as novas diretrizes de diagnóstico, pessoas com obesidade pré-clínica – ou seja, que têm um excesso de gordura corporal, mas sem as famosas “comorbidades” podem só precisar monitorar sua saúde, ficando de olho em possíveis sintomas decorrentes da obesidade, e trabalhar em mudanças de estilo de vida. O foco aqui deve estar na prevenção, e não no tratamento.

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Já os pacientes com obesidade clínica precisariam pensar em formas de tratamento mais diretas, como uso de remédios ou até cirurgias. Perder peso não é o único foco, mas sim melhorar a qualidade de vida e o funcionamento dos órgãos da pessoa.

A divisão da obesidade em duas categorias ajuda na triagem de casos e possibilita que o tratamento seja mais eficaz para cada pessoa. Trazer mais nuances para o diagnóstico da obesidade também é uma forma de combater o estigma da condição, mostrando a doença como a condição complexa e multifatorial que é.

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