É sabido que o cigarro contém partículas radioativas que seriam as responsáveis pelas doenças, como certos tipos de câncer, de que os fumantes tendem a ser vítimas. Diante disso, os fumantes brasileiros podem estar correndo riscos maiores do que os viciados de outros países. De fato, resultados preliminares de uma pesquisa original sugerem que pelo menos algumas marcas de cigarros vel1didas no Brasil contêm duas vezes mais o elemento radioativo urânio do que marcas vendidas no exterior. O motivo estaria nos solos do norte de Minas e sul da Bahia, ricos em urânio e tório, que abrigam extensas plantações de fumo. Quem levanta a hipótese é o próprio autor da pesquisa, o físico nuclear Joãó Arruda Neto, da Universidade de São Paulo. Há quatro meses ele começou a medir a concentração de urânio, um emissor de partículas radioativas alfa, no fumo. Parte desse urânio e seus descendentes são absorvidos pelo organismo do fumante. “Estudos já demonstraram que a radiação alfa provoca o câncer”, diz Arruda Neto, ele próprio fumante de cachimbo. “Falta saber se o cigarro brasileiro é ou não mais cancerígeno que o estrangeiro.” A pesquisa abrange cerca de vinte marcas, cujas amostras serão submetidas à detecção de urânio, segundo uma técnica inédita: a microanálise nuclear com elétrons. Num acelerador de partículas, os elétrons bombardeiam as amostras; ao encontrar urânio, quebram-no em dois pedaços, permitindo assim medir a concentração da substância nos cigarros.
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