Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Como o trabalho muda o seu corpo

O corpo humano mudou ao longo da história para se adaptar ao meio. E isso segue até hoje: sua profissão define seus músculos, seus nervos e até seu cérebro

Por Gisela Blanco e André Bernardo
Atualizado em 14 set 2018, 17h42 - Publicado em 19 dez 2011, 22h00

Já parou para pensar que seu ofício pode promover mudanças físicas no seu corpo – e em áreas que você nem imagina? Pois é! Claro que nem todo mundo está suscetível a essas alterações, que vêm depois de anos desempenhando a mesma função. “A genética influencia. Algumas pessoas têm o corpo mais preparado para o trabalho que exercem. Nesse caso, há menos impacto”, diz o ortopedista Eduardo Puertas, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). E nem toda mudança é irreversível. Com o tratamento adequado, é possível anular alguns danos.

A seguir, conheça os efeitos de algumas profissões em músculos, membros e até órgãos:

Digitador

1. Cérebro elétrico

Como o trabalho muda o seu corpo: cérebro elétrico

Continua após a publicidade

Quem fica no computador o dia inteiro faz poucas atividades físicas (pelo menos durante o expediente) e muitas atividades racionais. Isso impulsiona a atividade das áreas do cérebro ligadas à manipulação e à associação de ideias: o lobo frontal e o lobo parietal. Na prática, os neurônios dessas áreas passam a conversar mais – ganham mais sinapses, pontos de conexão para enviar e receber sinais.

2. Tendões inchados

Como o trabalho muda o seu corpo: tendões inchados
(iStock | peshkov)

Usando o teclado e o mouse todos os dias, os braços têm de repetir sempre os mesmos movimentos. Para os tendões, feixes de fibras que une os músculos aos ossos, isso é péssimo. O efeito é o mesmo de puxar um elástico. De tanto ser esticado, ele pode ficar vermelho, inchado, doído. É uma inflamação – nos tendões, ela ganha o nome de tendinite. Para reduzir o risco, é só cuidar do tal elástico: promover intervalos de descanso (de 10 minutos a cada 50 trabalhados) e alongamento para que aceitem melhor o estica e puxa que o trabalho exige.

Continua após a publicidade

Professor

Como o trabalho muda o seu corpo: cordas vocais com lombadas
(iStock | ismagilov)

1. Cordas vocais com lombadas

Explicar, pedir atenção, dar bronca, tudo isso exige que o professor use e abuse da voz. Resultado: as cordas vocais ficam literalmente calejadas – do mesmo jeito que um lavrador faz calos nas mãos por manejar muito a enxada. Esses calos ficam na borda das cordas. Se você pudesse olhar para elas, veria vários nodulozinhos, como se fosse uma estrada cheia de lombadas. É por isso que quem tem as cordas calejadas fica com a voz meio rouca, áspera, cansada – a vibração muda e o som resultante dela, a voz, fica esquisito.

Acontece não só com professores mas também com outros profissionais que dependem da fala: atendentes, locutores, palestrantes. A gente não consegue ver essa transformação (afinal, as cordas estão dentro da garganta), mas dá para perceber fácil quem passou pela mudança: tosse, rouquidão e voz fraca são as maiores.

Continua após a publicidade

2. Pezão

Como o trabalho muda o seu corpo: pezão

Em média, um professor passa 8 horas em pé. É um teste de resistência: o sangue que circula na parte baixa do organismo tem dificuldade para desafiar a gravidade e correr corpo acima – vai ficando lá pelas pernas e pelos pés mesmo. Para aguentar esse volume a mais de sangue, as veias aumentam. E vão ficando tortuosas. Dá para ver a deformação na pele: são as varizes. E, quando as veias dos pés já estão dilatadas e o sangue fica estagnado lá, até o pé cresce.

Músico

1. Cérebro ambidestro

Como o trabalho muda o seu corpo: cérebro ambidestro

“Músicos experientes processam melodias do lado esquerdo do cérebro, enquanto os não experientes usam o direito”, afirma o neurologista Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo. Em geral, o lado esquerdo do cérebro é o responsável pelo raciocínio e a lógica. O direito, pela criatividade e a imaginação. Mas nos músicos experientes o cérebro aprende a língua do trabalho: interpreta o som como se fosse um código, e para isso usa o lado esquerdo. É como se entendesse a música como uma língua.

2. Músculo enrugado

Como o trabalho muda o seu corpo: músculo enrugado

Dependendo do instrumento, o músico precisa se contorcer de um jeito ou de outro. Violinistas, por exemplo, torcem o queixo, movimentam os ombros e levantam um dos braços várias vezes durante a execução de uma obra. O pescoço pende para um lado (que varia se o músico é destro ou canhoto) e os músculos ficam enrugados. Isso provoca cansaço, queimação e formigamento.

Dentista

1. Ombro duro

Como o trabalho muda o seu corpo: ombro duro

Continua após a publicidade

Cavucar a boca dos pacientes sem apoiar os braços sobrecarrega os ombros. E deixa os músculos rígidos, doloridos. De tanto cansaço, eles vão ficando limitados – o dentista sente dificuldade para levantar os braços, por exemplo. Para melhorar isso, é preciso esticar os músculos, fazê-los recuperar a elasticidade perdida. Ou seja: alongar.

2. Nervos fininhos

Como o trabalho muda o seu corpo: nervos fininhos

Para deixar seus dentes bonitos, o dentista precisa usar instrumentos de altíssima rotação, que vibram como a tão temida broca, por exemplo. Com o tempo, o chacoalhar constante provoca a compressão do principal nervo do punho: o mediano. Esse nervo atravessa um túnel, conhecido como túnel de carpo, que liga a mão ao antebraço. Comprimido, ele vai afinando. Dá pra sentir o resultado disso: dormência, um formigamento, queimação. Não é só dentista que tem nervo fino – a mesma coisa acontece com trabalhadores que usam britadeiras.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.