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Covid-19 é mais letal entre pretos e pardos no Brasil, diz estudo

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (2), a ONU destaca que a pandemia pode ter "impacto devastador" entre minorias étnicas do país.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 13 mar 2024, 10h29 - Publicado em 2 jun 2020, 19h47

Em um comunicado divulgado nesta terça-feira (2), a ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que a pandemia de Covid-19 pode ter um “impacto devastador” sobre minorias étnicas em países como Brasil, Estados Unidos, França, e Reino Unido.

O documento, assinado pela Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, diz que a forma como a doença vem afetando comunidades e seu impacto desproporcional na população negra “expuseram desigualdades alarmantes em nossas sociedades”.

“Em muitos outros lugares, esperamos que padrões semelhantes estejam ocorrendo, mas somos incapazes de dizer com certeza, uma vez que os dados por raça e etnia simplesmente não estão sendo coletados ou reportados”, disse Bachelet.

No Brasil, os boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde e das Secretarias de Saúde dos estados só passaram a incluir informações sobre a cor de pacientes infectados no dia 11 de abril. A confirmação do primeiro caso nacional de infecção pelo novo coronavírus, porém, aconteceu quase um mês e meio antes.

Ser negro é um fator de peso para definir as chances de alguém morrer por Covid-19 no Brasil. É o que conclui uma pesquisa da Universidade de Cambridge em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que analisou mais de 11,5 mil casos graves de Covid-19 e foi divulgada na última quarta-feira (27). “Ser pardo é o segundo maior fator de risco, depois da idade, no Brasil”, afirma Mihaela Van der Schaar, uma das pesquisadoras que assina o estudo, em entrevista à agência de notícias RFI.

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O levantamento destaca que brasileiros das regiões norte e nordeste são mais vulneráveis à pandemia. O estado do Rio de Janeiro foge dessa tendência, apresentando taxas de risco semelhantes a de regiões como Pernambuco e Amazonas, que lideram o ranking.

Ainda que quem viva em estados do sudeste, sul e centro-oeste, no geral, tenha risco menor, as estatísticas étnicas da Covid-19 na região também chamam a atenção. Negros que vivem na cidade São Paulo, por exemplo, têm 62% mais chance de morrer da Covid-19 que brancos, segundo dados de abril. No Espírito Santo, de acordo com informações da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) capixaba, mais de 70% dos infectados no estado são negros.

Uma análise da PUC-Rio, que também foi divulgada no último dia 27 e considerou quase 30 mil casos graves de Covid-19 até 18 de maio, quase 55% dos pretos e pardos internados com a doença morreram. Para os brancos, esse total ficou em 38%.

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O mesmo estudo mostra que fatores como instrução também estão ligados à letalidade da Covid-19. Negros sem escolaridade têm até 3,8 vezes mais chances de morrer pelo novo coronavírus no Brasil. Na média, pretos e pardos têm risco 37% de morte maior que um branco da mesma faixa de escolaridade.

“A combinação da intensidade do surto, das falhas do governo para implementar intervenções não-farmacêuticas e da composição social e étnica complexa faz do Brasil um país particularmente interessante para o estudo do impacto da Covid-19”, escrevem os pesquisadores no estudo de Cambridge.

Como destaca a ONU, fatores como o acesso à saúde e desigualdade econômica podem ajudar a explicar a maior vulnerabilidade da população negra. “Pessoas de minorias raciais e étnicas são encontradas em maior número em trabalhos de maior risco, como nos setores de transporte, saúde e limpeza”, diz a entidade, em nota. O Brasil é o segundo país mais afetado pela pandemia, atrás apenas dos Estados Unidos, com mais de 555 mil casos confirmados e 31,199 mortes.

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