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Criado novo tratamento para calvície que utiliza células-tronco

Testes conseguiram recuperar o crescimento de pelos de ratos - o que pode ser uma esperança para quem sofre com a falta de cabelo

Por Guilherme Eler
18 ago 2017, 19h59

Cientistas da Universidade da Califórnia encontraram uma nova maneira de fazer cabelo crescer, graças a duas drogas experimentais, RCGD423 e UK5099. Ratos que foram tratados com elas recuperaram o crescimento de pelos no corpo – o que pode ser uma luz no fim do túnel para quem sofre com o fato de ter pouca telha.

Esse efeito se dá porque as drogas conseguem ativar as células dormentes dos folículos capilares. A dormência, aliás, é o estado preferido das células-tronco dos cabelos. Ao contrário do que acontece em órgãos e tecidos, onde as células estão em atividade constante, as da cabeleira só são ativadas quando interessa. Elas escolhem o momento certo para trabalhar, e é neste período que o cabelo de fato cresce.

Ter problemas nesse mecanismo do ciclo capilar prejudica a renovação dos fios, e faz com que a pessoa fique careca. Isso acontece com quem tem predisposição genética a ser calvo. Depois de algumas décadas, o corpo não consegue mais ativar as células responsáveis por repor o volume da juba.

No estudo, publicado no jornal Cell Biology, os cientistas descobriram que o metabolismo dessas células-tronco funciona de uma maneira especial, diferente do que acontece em outras células da pele. Quando você se alimenta, a digestão quebra os alimentos em partículas menores, que podem ser absorvidas a nível celular. A principal é a glicose: dela, as células retiram a energia que usam para crescer e se multiplicar.

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Até aí, o processo é o mesmo para ambos os casos. Mas depois de quebrar a glicose, as células-tronco que estão nos folículos capilares podem gerar um subproduto – como se fosse um dejeto resultante do processo. A substância, chamada de ácido pirúvico, tem dois caminhos para seguir: ou volta para a mitocôndria da célula, onde também vira energia, ou se transforma em outro subproduto: o ácido lático. Sim, aquele mesmo, que suas células musculares produzem quando você passa tempo demais correndo na esteira.

Os cientistas, então, resolveram testar suas hipóteses em um grupo de cobaias. O primeiro passo foi bloquear a produção de ácido lático nas células de alguns dos ratos. A mudança impediu a ativação das células-tronco capilares, e o crescimento do pelo dos roedores. Bingo: era o sinal de que o ácido lático é que coordena a função. Isso foi comprovado em um outro experimento. As cobaias que foram modificadas geneticamente para produzir mais ácido lático, como se esperava, mantiveram as células capilares ligadonas – e o crescimento de pelos mais constante.

Depois de desvendar todo o mecanismo, o desafio era encontrar um fármaco que tivesse esse mesmo efeito. Os pesquisadores tiveram sucesso com dois deles: o RCGD423 e UK5099, que resolvem o problema de maneiras diferentes. Enquanto o primeiro foca em aumentar a produção de ácido lático, o outro dá uma volta maior, bloqueando a entrada de piruvato na mitocôndria e forçando a célula a produzir a substância por si só.

Apesar de ainda não terem sido testados em humanos, espera-se que esses fármacos sejam usados no futuro em medicamentos para tratamento de calvície ou alopecia – nome dado à perda de cabelo por envelhecimento ou fatores como estresse, desequilíbrio hormonal e quimioterapia.

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