Dietas com pouco carboidrato prejudicam a longevidade, diz estudo
Cientistas constataram que o ideal é consumir carboidratos moderadamente e que os substitutos de origem vegetal são melhores que os de origem animal
Já faz um tempo que as dietas com baixo teor de carboidratos, as chamadas dietas low carb, estão na moda. Elas consistem em, basicamente, uma ingestão cada vez menor de alimentos ricos em carboidratos (como arroz, pão e macarrão). Para compensar, deve-se aumentar as proteínas (carne, ovo) e as gorduras “boas” (castanha, azeite, salmão, sardinha etc.) no cardápio. Sob a promessa de resultados rápidos — questão de semanas — muitas celebridades, como Adriana Lima e Jennifer Lopez, são adeptas da dieta. Mas reduzir o carboidrato assim pode trazer consequências graves no futuro.
Segundo um novo estudo liderado pelo National Institute of Health (NIH), dos EUA, taxas de carboidrato tanto altas quanto baixas foram associadas ao aumento da mortalidade. Além disso, quem substitui o carboidrato por proteína animal tem longevidade menor do que quem faz a troca por proteína vegetal.
Essas conclusões são baseadas em uma pesquisa nos EUA que durou 25 anos e usou os dados de mais de 15 mil participantes. Todos eles preencheram questionários sobre os alimentos e bebidas que consumiam todo dia, enumerando quantidade e tamanho das porções. A partir disso, os pesquisadores estimaram a proporção de calorias provenientes de carboidratos, gorduras e proteínas.
Os resultados mostraram que uma ingestão moderada de carboidrato representou um risco menor de morte quando comparado com a ingestões baixas e altas. Em números, pessoas com 50 anos que apresentavam consumo moderado de carboidrato devem viver em média 33 anos a mais. Já os cinquentões que têm consumo baixo de carbo vivem mais 29 anos. Os cientistas compararam suas conclusões com estudos anteriores gigantes, que incluíram mais de 20 países e 400 mil pessoas, e os resultados encontrados foram os mesmos.
Controvérsias e tipos de substitutos
Essa nova pesquisa examinou a relação da taxa de mortalidade com o consumo de carboidratos, o que é algo novo. “Estas descobertas reúnem várias vertentes que têm sido controversas. Muito ou pouco carboidrato pode ser prejudicial, mas o que mais conta é o tipo de gordura, proteína e carboidrato consumido”, diz Walter Willett, co-autor do estudo.
Os pesquisadores constataram que proteínas e gorduras vegetais são melhores que equivalentes animais no quesito longevidade. Comer mais carnes (bovina, de porco, de frango e de cordeiro) e queijo estava relacionado a um risco maior de morte, quando comparado a opções como legumes e nozes. Ou seja, selecionar apenas o nutriente (carbo, proteína, gordura) não é o suficiente, é preciso se preocupar com sua origem.
“Nossos dados sugerem que dietas de baixo carboidrato com produtos animais, que são predominantes na América do Norte e na Europa, podem estar associadas a um menor tempo de vida e devem ser desencorajadas”, diz Sara Seidelmann, autora do estudo. “Se, em vez disso, alguém escolhe seguir uma dieta com poucos carboidratos, trocá-los por mais gorduras e proteínas vegetais pode realmente promover um envelhecimento saudável a longo prazo”.