Dose única de vacina da Pfizer garante boa proteção a quem já teve Covid-19
Segundo estudo britânico, o nível de anticorpos desses pacientes se tornou maior do que o registrado em pessoas que receberam duas doses da vacina.
“Mesmo quem já pegou Covid-19 precisa ser vacinado?”. Esta se tornou uma das perguntas mais recorrentes no momento atual da pandemia – em que a imunidade de rebanho segue longe de ser alcançada, os casos permanecem aumentando e a cobertura vacinal ainda é pequena. A resposta dos especialistas é um sonoro “sim”: mesmo quem já foi infectado (ainda que sem sintomas graves) deve ser imunizado.
Motivos não faltam para aderir à vacinação. Primeiro, porque não se sabe ainda quanto tempo a imunidade dura – ou seja, se o corpo é capaz de expulsar o vírus meses depois da infecção. Depois, porque novas variantes estão surgindo e, ainda que a eficácia de certas vacinas diminua para cepas diferentes de Sars-CoV-2, é consenso que estar imunizado diminui os riscos de desenvolver sintomas graves ou morrer de Covid-19.
Existe, ainda, uma última razão: a vacinação em massa da população é a forma mais eficiente para frear o aumento no número de casos, já que quem já foi contaminado pode ser infectado de novo – e sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde. O Brasil registrou ontem o maior número diário de mortes desde o início da pandemia. Foram contabilizados 1.582 óbitos em 24h, o que mostra que a pandemia, por aqui, ainda não está nem perto do fim.
Pensando nisso, laboratórios que já apresentaram dados sobre a eficácia geral de seus imunizantes vem testando o comportamento de seus produtos sob diferentes aplicações. Uma delas é em relação a pacientes já infectados.
Duas novas pesquisas, feitas por cientistas britânicos e publicadas na revista científica The Lancet na última quinta-feira, mostraram que uma única dose da vacina da Pfizer/BioNTech pode dar proteção boa o bastante para quem já se recuperou da Covid-19. Você pode ler os artigos científicos que comentam os achados clicando aqui e aqui.
Vacinas aplicadas em duas doses, como é o caso da feita pela Pfizer, costumam funcionar da mesma maneira: a primeira serve para preparar o sistema imunológico, enquanto a outra de fato estimula a resposta imune. Mas novas pesquisas indicam que apenas uma dose também pode garantir proteção contra o vírus. Foi isso que cientistas da Universidade de Cambridge e da Universidade College, de Londres, decidiram investigar.
Uma das pesquisas recém-publicadas acompanhou 51 profissionais de saúde de Londres que faziam testes de rotina desde o início da pandemia. 24 deles tiveram Covid-19 na forma leve ou assintomática. Após receberem a dose única da vacina da Pfizer, os níveis de anticorpos desses profissionais aumentaram em até 140 vezes se comparado à taxa normal, anterior à imunização.
Segundo os pesquisadores, a proteção dos voluntários vacinados era maior do que a de quem recebeu duas doses do imunizante. O nível de anticorpos sugere que a resposta desses participantes foi maior, também, do que a de pessoas que jamais foram infectadas pelo coronavírus.
O segundo estudo analisou 72 profissionais de saúde britânicos vacinados em dezembro de 2020, dos quais 24 tiveram sinais de que foram infectados – ou testaram positivo ou tiveram sintomas. No artigo científico, pesquisadores dizem que voluntários vacinados tiveram uma “resposta robusta” nos níveis de anticorpos, e “resposta muito robusta” nas taxas de células-T. Ganham esse nome células do sistema imunológico que destroem células infectadas pelo vírus e ajudam a coordenar o ataque do organismo ao invasor.