Pânico generalizado, fronteiras fechadas, bolsas de valores despencando, filas nos hospitais e ataques terroristas contra a Casa Branca. Essas são apenas algumas das conseqüências possíveis se o mundo enfrentasse uma epidemia generalizada da gripe do frango. Parece irreal? Infelizmente, não é. A ameaça existe mesmo.
A questão está sendo encarada com a maior seriedade pela Organização Mundial da Saúde desde 1997, quando se descobriu que 18 pessoas haviam morrido em Hong Kong, na China, de gripe aviária. Na época, foi constatado que o agente da doença era um subtipo H do vírus influenza, antes só detectado em aves como frangos, patos e gansos. A descoberta serviu de alerta: afinal, variantes do vírus influenza H foram responsáveis por 3 grandes epidemias no século 20, incluindo a gripe espanhola de 1918-19, que matou mais gente do que a 1a Guerra Mundial.
As mortes de Hong Kong deixaram claro que, como no passado, o influenza havia conseguido ultrapassar a barreira das espécies, passando das aves, principalmente frangos, para os humanos. A atitude imediata foi a promoção de uma matança dos frangos. Imaginava-se que, assim, seria possível acabar com o vírus. Mas não foi o que aconteceu. O influenza reapareceu, ainda mais forte, em 2003, na China, Tailândia e Vietnã, e, em 2004, na Coréia, Japão, Laos, Camboja, Indonésia e Malásia. No total, houve 109 pessoas afetadas e 59 mortes.
Mas isso é pouco perto do que pode acontecer se as projeções pessimistas se concretizarem. A OMS acredita que há uma probabilidade real de que o vírus acabe infectando uma pessoa portadora de gripe comum – dessas tratadas com canja e cama – e sofra uma mutação, dando origem a um subtipo mais perigoso e transmissível. Como fabricar uma vacina contra gripe leva pelo menos 6 meses, e nenhuma é 100% efetiva, o vírus teria tempo para se espalhar. Em poucos meses, poderia chegar a diversas partes do globo. Nas piores projeções, 80 milhões de pessoas ficariam doentes e 16 milhões morreriam.