Eslovênia é primeiro país da Europa a declarar fim da epidemia de Covid-19
Controle da doença no país de 2 milhões de habitantes, que teve apenas 1.467 pessoas contaminadas, aconteceu pouco mais de dois meses após o primeiro caso.
Pouco mais de dois meses após registrar seu primeiro caso de Covid-19, a Eslovênia declarou o controle da epidemia em seu território. Isso significa que as fronteiras serão reabertas, serviços não essenciais voltarão à ativa e cidadãos poderão deixar o isolamento social. O país do leste da Europa, que tem dois milhões de habitantes, é o primeiro do continente a declarar o fim da epidemia.
A decisão oficial foi comunicada pelo governo esloveno na quinta-feira (16) – e você pode lê-la aqui. A nota destaca que entre a primeira infecção pelo novo coronavírus no país, em 4 de março de 2020, até o dia 14 de maio, apenas 1.467 pessoas foram contaminadas e 103 morreram. Só para você ter uma ideia de como esse número é baixo, só o estado de São Paulo registrou 3.189 novos casos nas últimas 24 horas, além de 197 mortos.
Na Eslovênia, o número de novos contaminados se manteve abaixo dos dois dígitos ao longo das últimas duas semanas. Isso quer dizer que a transmissão sustentada da doença – quando as novas infecções acontecem dentro do próprio país, e não por causa de alguém que viajou e voltou trazendo o vírus – estava controlada. “Foram 35 casos ao todo nos últimos 14 dias, e o número de reprodução básico da doença é menor do que 1”, completa o documento.
O chamado “número de reprodução básico” (também conhecido como R0), é usado para dizer o quão contagiosa é uma doença em uma determinada região num dado momento. Se o R0 da Covid-19 em uma cidade é 4, um paciente doente pode fazer, em média, quatro novos infectados. Quando é menor que zero, será preciso que mais de uma pessoa contraia o novo coronavírus para que um caso inédito surja. Isso, na prática, diz que o avanço da doença está sob controle.
Com o fim das restrições e o afrouxamento do isolamento social, residentes da União Europeia poderão passar livremente pelas fronteiras que a Eslovênia forma com a Áustria, Itália e Hungria. Antes, era preciso ficar isolado ao menos uma semana. Viajantes de fora da UE ainda deverão fazer quarentena de 14 dias para entrar no país, e estrangeiros que apresentarem sinais da doença terão sua entrada negada.
Apesar da maior entrada de pessoas, certas regras da época de pandemia devem seguir valendo para os próximos dias. Eventos públicos com grande aglomeração seguem proibidos, e a cobrança pelo uso de máscara e o distanciamento social em locais públicos também permanece. A ideia é que, fazendo isso, o país possa contar a “segunda onda” de novos casos que países enfrentaram após flexibilizar as medidas de contenção da epidemia.
Serviços como escolas, bares, restaurantes ou eventos culturais estavam paralisados na Eslovênia desde a metade de março. Nos últimos dias, porém, o transporte público voltou a funcionar e, na próxima semana, algumas escolas retomarão as aulas. Hotéis, bares, restaurantes e shoppings eslovenos também poderão reabrir no dia 18, e competições esportivas voltarão a acontecer a partir do dia 23 deste mês. O auxílio financeiro que o governo deu a cidadãos e empresas também deixará de ser pago ao final de maio.
A demanda pelo fim da quarentena na Eslovênia era também uma demanda popular. Há última semana, milhares de cidadãos montados em bicicletas ocuparam Ljubljana, capital do país, para protestar contra o governo. Segundo reportou a BBC, os manifestantes acusavam o primeiro-ministro Janez Jansa de usar da pandemia para restringir liberdades individuais – além de “fazer ataques a jornalistas, fortalecer o discurso anti-imigração e aumentar o poder da polícia”. O governo negou as acusações.