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Estresse e obesidade passam de pai para filho

Viver em condições ruins pode desativar genes; mudanças são permanentes, e transmitidas para descendentes

Por Salvador Nogueira e Bruno Garattoni
Atualizado em 16 fev 2018, 16h53 - Publicado em 5 nov 2014, 22h00

A sua genética está escrita, e é ela que você vai transmitir para os seus filhos – não importa o que faça durante a vida. Isso é o que Darwin nos ensinou. Mas talvez não seja toda a verdade. Pesquisadores da Universidade de Zurique encontraram evidências* de algo que muitos cientistas vinham suspeitando nos últimos anos: o que você passa durante a vida pode modificar seu DNA, gerando alterações que são transferidas aos descendentes.

O código genético de uma pessoa é afetado pelo ambiente. Certas situações têm o poder de ativar ou desativar certos genes. Isso já era bem conhecido e aceito pela ciência. Mas muitos especialistas acreditavam que as alterações fossem zeradas na geração seguinte, ou seja, não passassem dos pais para os filhos. O novo estudo descobriu que, sim, elas passam para os descendentes – e demonstrou como isso acontece. Em testes com ratos, os cientistas suíços constataram que os microRNAs, pequenas moléculas produzidas em situações de estresse, fome, sedentarismo ou obesidade, são incorporados aos espermatozoides e vão parar no feto.

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Os descendentes dos ratos submetidos a estresse ou obesidade já nasceram com uma tendência natural, genética, a serem estressados ou obesos – e tudo graças a certos microRNAs, que tinham passado de geração em geração. “O mecanismo me parece bastante plausível, e aparentemente os experimentos foram bem desenhados”, afirma Sandro de Souza, biólogo molecular da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

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*Fontes -. Implication of sperm RNAs in transgenerational inheritance of the effects of early trauma in mice, Isabelle Mansuy e outros, Universidade de Zurique

Foto: thinkstockphotos

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