Estudo sugere que medicamento pode retardar a menopausa
Resultados parciais de pesquisa mostram que uma dose pequena do imunossupressor rapamicina atrasa o envelhecimento dos ovários.
O período reprodutivo da mulher é encerrado pela última menstruação, na menopausa, normalmente ocorrendo entre os 45 e 55 anos de idade. Agora, os resultados preliminares de um estudo sugerem que uma droga pode retardar a chegada da menopausa, talvez estendendo o período reprodutivo de uma pessoa em até cinco anos.
Os especialistas descobriram, em resultados parciais da pesquisa, que é possível reaproveitar o imunossupressor rapamicina, também conhecido como sirolimo, de forma segura em pessoas jovens e saudáveis para melhorar a saúde reprodutiva das mulheres.
A droga está sendo estudada para entender como ela poderia desacelerar o envelhecimento dos ovários, atrasando a chegada da menopausa e diminuindo o risco de doenças relacionadas à idade avançada.
Por enquanto, a pesquisa está sendo realizada com 34 pacientes até 35 anos. A meta do estudo é alcançar o número de mil mulheres participando.
Além de atrasar a menopausa
A rapamicina é um remédio usado para evitar a rejeição de um órgão transplantado. Usado como imunossupressor, o medicamento tem uma longa lista de efeitos colaterais, como náusea, dor de cabeça, pressão sanguínea alta e aumento do risco de infecções.
Para desacelerar o envelhecimento dos ovários, a dose usada é pequena, de 5 mg por semana durante três meses. Pacientes de transplantes podem ter que tomar 13 mg por dia durante anos.
Os resultados parciais sugerem que a rapamicina poderia desacelerar o envelhecimento dos ovários em até 20%, sem que as pacientes experimentassem nenhum dos 44 efeitos colaterais que o medicamento pode causar.
Esse é o primeiro estudo que apresenta uma possibilidade de estender o período reprodutivo das mulheres, e não só combater sintomas da menopausa. Uma das responsáveis pelo estudo, a professora da Universidade Columbia, em Nova Iorque, Yousin Suh, contou ao jornal The Guardian que os resultados são como “um sonho se tornando realidade”.
Os ovários liberam cerca de 50 óvulos por mês, com um deles passando pelo processo de ovulação. Uma dose pequena semanal de rapamicina poderia diminuir esse número para 15 por mês, e as participantes do estudo continuaram menstruando normalmente com ela.
A droga é barata de ser produzida, e esse é um dos principais problemas do estudo para conseguir financiamento. Suh argumenta que demorou tanto tempo para um estudo como esse acontecer porque falta a motivação do lucro para empresas farmacêuticas investirem em um estudo caro usando uma droga sem patente.