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Excesso de ferro faz mal ao coração

Pesquisa recente comprova que o excesso de ferro no sangue dobra a possibilidade de um ataque cardíaco.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h36 - Publicado em 31 out 1992, 22h00

Poucos minerais são tão importantes para o organismo quanto o ferro, responsável, por exemplo, pelo transporte de oxigênio dos pulmões até as células. Em excesso, porém, o ferro se torna mais perigoso que o colesterol para o coração. Sob suspeita há vários anos, esse fato pode ter sido comprovado na prática por um estudo recente do epidemiologista finlandês Jukka Salonen, da Universidade Kuopio. Quando a concentração de ferro no sangue sobe acima de 200 microgramas por litro, dobra a possibilidade de um ataque do coração.

É o que mostram os dados colhidos por Salonen e sua equipe desde 1984 em 1931 homens de idade mediana. Na verdade, a concentração de 200 microgramas refere-se à ferritina, molécula responsável pelo armazenamento do ferro no sangue e outras partes do corpo. Se a concentração de ferritina cresce 1%, dizem os pesquisadores, a possibilidade de ataque cardíaco cresce 4%. Assim se entende, por exemplo, a curiosa proteção da aspirina contra ataques do coração: ela promove pequenas hemorragias internas, o que elimina o excesso de ferro. Da mesma forma, a perda de sangue periódica por meio da menstruação dá às mulheres jovens uma proteção que os homens não podem ter. Essa, pelo menos, é a interpretação de Jerome Sullivan, da Faculdade de Medicina da Carolina do Sul, Estados Unidos. O primeiro a chamar a atenção para o problema, há dez anos, ele elogia o esforço da Salonen. “É a primeira vez que se investiga o acúmulo de ferro como fator de risco.” Sua teoria é que esse mineral estimula a formação de radicais livres, moléculas pequenas e quimicamente muito ativas. Os radicais, por sua vez, levam à formação de um colesterol mais eficiente que o colesterol comum – quando se trata de entupir artérias, primeiro passo para o ataque cardíaco. Por enquanto, trata-se apenas de uma teoria.

O finlandês Salonen forneceu os primeiros dados que a comprovam, mas é preciso que sejam multiplicados muitas vezes antes de se pensar em medidas preventivas contra o excesso de ferro. Mas Sullivan acha que não custa nada começar a conter, desde já, o apetite por certo alimentos, como cereais. “A menos que tenham anemia, acredito que os adultos devem evitar suplementação de ferro.”

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