Sabe aquele delicioso hambúrguer com batatas fritas que você baniu das refeições depois de assistir a dezenas de documentários sobre os males da fast food? Pode colocar de volta no cardápio. Esses mal-afamados sanduíches, bem como suas companheiras crocantes, não são os grandes vilões da dieta e do coração. Os hambúrgueres começaram a ser reabilitados em 2005, quando os bioquímicos Vincent Marks e Stanley Feldman lançaram o livro Panic Nation (“A Nação do Pânico”). Ali, contestaram a fama da fast food como causadora de problemas cardíacos e de obesidade. “Não existe alimento ruim, apenas dietas ruins”, dizia Vincent Marks. “Os alimentos – seja uma maçã, seja um hambúrguer – são combinações de proteína, gordura e carboidratos. O hambúrguer pode prover energia de maneira gostosa e barata.” Um estudo publicado neste ano no American Journal of Clinical Nutrition (AJCN) ajudou a reabilitar a gordura saturada da má fama. Em períodos que variavam de 6 a 23 anos, foram analisados os hábitos alimentares de 347 747 voluntários com idade a partir dos 30 anos. Desse total, 11 006 desenvolveram alguma doença cardiovascular – mas os pesquisadores não observaram nenhuma associação significativa entre gordura saturada e males do coração. É claro que não é o caso de dar passe livre a essas tentações. “O consumo excessivo da gordura saturada faz mal à saúde”, diz o nutrólogo Celso Cukier, presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral. “O ideal é que até 20% das calorias ingeridas venham das gorduras monoinsaturadas, até 10%, das poli-insaturadas e até 7%, das saturadas”, recomenda Daniel Magnoni, cardiologista do Hospital do Coração. Então, devorar aquele hambúrguer com fritas no sábado à noite está liberado – só não faça disso um hábito…