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Gravidez após laqueadura é mais comum do que se imagina, diz estudo

Pesquisa feita nos Estados Unidos estima que de 3 a 5% das mulheres que fizeram laqueadura no país engravidaram após o procedimento.

Por Maria Clara Rossini
29 ago 2024, 10h00

A laqueadura é o único método contraceptivo irreversível, recomendado para mulheres que têm certeza que não querem engravidar. Baseado em uma série de estudos, estima-se que a eficácia do método seja de mais de 99% – de mil mulheres que fazem a laqueadura, aproximadamente cinco voltam a engravidar naturalmente.

Mas talvez esse número seja bem maior na realidade. É o que diz uma nova pesquisa feita pela Universidade da Califórnia, em São Francisco. Ele estima que de 3 a 5% das mulheres americanas que fizeram a laqueadura engravidaram após a cirurgia. A pesquisa foi publicada nesta terça (27) no periódico NEJM Evidence.

A cirurgia ocorre nas trompas de falópio. Em condições normais, é lá que ocorre o encontro do óvulo com o espermatozoide, que depois migram para a parede do útero. A laqueadura impede o encontro entre os gametas, evitando a fecundação. Isso pode ser feito de três formas: colocando um anel de plástico nas trompas; cortando as trompas e cauterizando as pontas soltas; ou cortando e suturando as pontas. Em tese, isso é suficiente para que os óvulos não cheguem ao útero.

Mas, como todo método contraceptivo, ele não é 100% eficaz. A nova pesquisa sugere que, na prática, a laqueadura pode ser mais falha do que outros anticoncepcionais disponíveis – como o dispositivo intrauterino (DIU) e o implante de braço.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores americanos utilizaram dados da Pesquisa Nacional de Crescimento Familiar, dos anos 2002 a 2015. Inicialmente foram utilizados dados disponíveis de 31 mil mulheres entre 15 e 44 anos. Dessas, 4.184 haviam feito laqueadura, e se tornaram o foco do estudo.

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No primeiro ano após o procedimento, 2,9% das mulheres que laquearam entre 2013 e 2015 ficaram grávidas. Ao longo de dez anos após a cirurgia, o número salta para 8,4%. As chances de engravidar eram maiores em mulheres que fizeram a laqueadura jovens.

As mulheres que tiveram a cirurgia financiada Medicaid (um plano de saúde social voltado a pessoas de baixa renda) eram tão prováveis de engravidar quanto as que tinham plano de saúde privado. Segundo o estudo, 21% das mulheres entre 30 e 39 anos já fizeram a laqueadura nos Estados Unidos. A taxa é de 39% para as que têm mais de 40 anos.

“Quando escolhem um método contraceptivo que funciona melhor para elas, as pessoas consideram diferentes coisas, como segurança, conveniência e o quão rápido podem começar a usar o método”, disse a autora do estudo Eleanor Bimla Schwarz, em comunicado. “Para pessoas que escolheram um método ‘permanente’, descobrir que está grávida pode ser bem angustiante. Infelizmente, essa parece ser uma experiência bem comum”.

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Vale lembrar que são necessários mais estudos antes que as recomendações sobre esse procedimento mudem. Não existe método contraceptivo totalmente eficaz. É importante se informar com um ginecologista para entender qual deles é mais adequado para cada caso.

Como é a lei no Brasil

Tanto a laqueadura quanto a vasectomia são oferecidas pelo SUS. Em 2023 começaram a valer novas diretrizes para a realização dos procedimentos: o paciente deve ter no mínimo 21 anos de idade, ou já ter pelo menos dois filhos. Não é mais necessária a autorização do cônjuge, e a pessoa deve esperar pelo menos 60 dias entre o pedido de esterilização e a cirurgia.

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