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Mulher fica com o sangue azul-marinho após usar pomada para dor de dente

44% de suas hemoglobinas – a proteína que adere ao oxigênio no sangue – se converteram em uma versão que não fornece o gás vital para os órgãos.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 set 2019, 16h40 - Publicado em 20 set 2019, 16h38
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  • Uma mulher americana de 25 anos que garante não ter nenhum grau de parentesco com aracnídeos ou nobres deu entrada no hospital de Providence – capital de Rhode Island, na costa leste dos EUA – com o sangue da cor de um tubinho de caneta esferográfica. Dá uma olhada:

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    O caso incomum foi descrito brevemente por dois médicos no New England Journal of Medicine, um periódico especializado. Após um dia se sentindo fraca, cansada e sem fôlego, a paciente notou que sua pele estava pálida e azulada. Manchas escuras haviam se formado nas unhas. Esse quadro é chamado pelos médicos de cianose – que deriva da palavra ciano, um nome chique para a cor turquesa.

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    A paciente havia aplicado uma pomada anestésica de benzocaína na gengiva após um procedimento dolorido no dentista – mas exagerou na dose. O medicamento desencadeou um aumento nos níveis de meta-hemoglobina no sangue. A meta-hemoglobina é uma variação da hemoglobina – um proteína com ferro na fórmula que é responsável por aderir ao oxigênio e transportá-lo à bordo de células chamadas glóbulos vermelhos (hemácias).

    Coisas que contém ferro, tipo hemoglobina ou o planeta Marte, costumam ser vermelhas. A meta-hemoglobina, por outro lado, dá ao sangue a cor azulada da foto acima – e adere ao oxigênio com muito mais entusiasmo que sua versão comum.

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    Normalmente, o sangue é como um carrinho de aeromoça, que passa pelos corredores do avião fornecendo alimento (oxigênio) para os passageiros e coletando o lixo (gás carbônico) que eles geram. Os passageiros, é claro, são os órgãos e tecidos do nosso corpo. A meta-hemoglobina, por outro lado, não fornece o gás vital: ela se agarra ao dito-cujo e não solta. É como se os comissários de bordo escondessem os lanchinhos nos bolsos em vez de entregá-los.

    Isso explica a fadiga e a falta de fôlego da moça: suas mitocôndrias, as usinas de energia das células, estavam sem oxigênio para queimar. No momento em que fez os exames, 44% de suas hemoglobinas haviam se convertido em meta-hemoglobinas.

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    Ironicamente, o antídoto para meta-hemoglobinemia – o nome oficial do problema – é ingerir uma substância chamada azul de metileno. Ele é capaz de converter as meta-hemoglobinas de volta em hemoglobinas comuns. E também é capaz de estrelar um poema de Carlos Drummond de Andrade, que era farmacêutico de formação: “No azul do céu de metileno / a lua irônica / diurética / é uma gravura de sala de jantar.”

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    Voltando ao assunto: aranhas e outros aracnídeos também são famosos por terem sangue azul. Mas isso é porque as moléculas transportadoras de oxigênio desses animais são baseadas em cobre, e não em ferro.

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    A mulher retomou o fôlego pouco tempo após ser medicada e foi liberada. Da próxima vez, talvez valha mais a pena aguentar um pouquinho a dor de dente.

     

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