OMS só recomenda a vacina da AstraZeneca para gestantes em duas situações; saiba quais
Mesmo antes da morte que levou a Anvisa a suspender a aplicação do imunizante em grávidas, ela já tinha indicação restrita para esses casos. Motivo: há poucos dados sobre a segurança da vacina em gestantes
Nesta segunda-feira (10), a Folha de S. Paulo noticiou que o Ministério da Saúde está investigando a morte de uma gestante que recebeu a vacina de Oxford/AstraZeneca. O caso ocorreu no Rio de Janeiro, mas ainda não há provas sobre a relação entre o imunizante e o óbito. Por precaução, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão da aplicação da vacina de Oxford/AstraZeneca em gestantes, indo contra o que estava prescrito no Programa Nacional de Imunizações (PNI).
A aplicação do imunizante em grávidas foi suspensa em mais de sete estados, incluindo o Rio de Janeiro, onde a morte está sendo investigada, e São Paulo, em que a vacinação para este grupo teria início nesta terça-feira (11). A vacinação de puérperas com comorbidades – mulheres que realizaram o parto há menos de 45 dias – também foi suspensa em alguns estados. Aquelas que já tomaram a primeira dose do imunizante de Oxford/AstraZeneca não devem receber a segunda dose até que novas informações sejam divulgadas.
A Anvisa recomenda que o PNI siga a bula da vacina, que contraindica a vacinação de gestantes. O uso off label, ou seja, em situações não previstas na bula, só seria permitido mediante autorização médica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) segue a mesma linha de recomendação, alegando que há poucos dados que comprovem a segurança da administração da vacina durante a gravidez.
A OMS diz que a vacina só pode ser aplicada em grávidas se os riscos da Covid-19 superarem os riscos potenciais do imunizante. Segundo a entidade, isso acontece em duas situações: profissionais de saúde grávidas, que correm alto risco de exposição ao Sars-CoV-2, e gestantes com comorbidades, que possuem maior risco de desenvolver uma forma grave da doença.
Apesar da suspensão da vacina de Oxford/AstraZeneca, grávidas e puérperas brasileiras ainda podem (e devem) receber os imunizantes da Pfizer e da Sinovac. Mas com restrições. Nenhuma das empresas contou com a participação de gestantes em seus ensaios clínicos, o que leva a OMS a manter o mesmo posicionamento adotado com a vacina de Oxford/AstraZeneca.
O Ministério da Saúde optou por incluir todas as grávidas e puérperas no grupo prioritário para receber a vacina contra a Covid-19 no final de abril. A decisão foi tomada com base na piora expressiva da doença no país, e considerou o maior risco de hospitalização dessas mulheres. Vale lembrar que as complicações ocasionadas pela vacina são extremamente raras – e inferiores aos problemas causados pela doença. Mulheres grávidas e puérperas com comorbidades já haviam sido adicionadas ao grupo prioritário em meados de março.