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Orgulho gordo: uma bandeira da ciência

Todo mundo cresce acreditando que gordos não são saudáveis. Mas os cientistas dizem: obesos podem viver até mais do que quem pensa estar em dia com a balança

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h39 - Publicado em 9 jan 2011, 22h00

Linda Bacon

O peso extra é sempre o vilão dos nossos problemas de saúde. E emagrecer é o caminho para que as pessoas fiquem saudáveis. Pode ser uma surpresa para você, mas acredite: nenhuma dessas crenças é defendida pela ciência.

Basta olhar para os fatos. É verdade, nosso peso médio aumentou nos últimos 50 anos. E muito se fala sobre o risco disso para a saúde. Mas a expectativa de vida também cresceu dramaticamente nesse mesmo período, e as mortes por doenças cardiovasculares despencaram. Ou seja, a relação entre peso e saúde é muito mais confusa do que pensamos.

Exemplo disso: pessoas que se enquadram na categoria “acima do peso” podem viver mais do que as que se enquadram na categoria “normal”, aquela em que supostamente deveríamos estar. Considere a maior pesquisa epidemiológica já conduzida na história, que envolveu o estudo de 1,7 milhão de noruegueses. As taxas mais altas de expectativa de vida foram encontradas entre pessoas que estavam no padrão considerado “acima do peso”. As menores, entre os definidos como “abaixo do peso”. Alguns obesos tinham, inclusive, expectativa de vida maior do que os que se enquadravam na faixa ideal.

Já se sabe que o impacto da atividade física na longevidade é muito maior do que o do peso. Obesos considerados em bom preparo físico – de acordo com testes ergométricos – apresentaram a mesma taxa de mortalidade que homens magros (também bem preparados fisicamente), segundo estudo do Cooper Institute, do Texas. Comparado a magros sedentários, esse mesmo grupo de obesos teve uma taxa de mortalidade menor. Conclusão: o preparo do corpo – e não o quanto você pesa – é o fator principal na determinação de quanto alguém vai viver.

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Se é assim, por que ainda acreditamos tanto nas teses que culpam o peso? Quando há uma separação tão grande entre o que a ciência sabe e o que a sociedade defende, só há uma explicação: a economia. Uma indústria inteira, que inclui centros de estética, fabricantes de suplementos alimentares, médicos, farmacêuticas e supostos especialistas (inclusive cientistas, que ganham bolsa para estudar o assunto), se beneficia dessa gritaria contra o peso.

Mas é hora de quebrar os mitos. E há um jeito para isso: focar a mudança em nossa atitude, e não em nossos quilos. Devemos apreciar o nosso corpo, seja ele como for, e seguir em frente. É a revolução que leva o lema “saudável em qualquer tamanho”. A participação é simples: orgulhe-se e cuide de seu corpo, encontre formas de se sentir bem com ele, alimente-se corretamente. O caminho para a saúde é largo o suficiente para incluir você.

“A relação entre peso e saúde é mais confusa do que pensamos. Na maior pesquisa epidemiológica já conduzida, com 1,7 milhão de noruegueses, as taxas mais altas de expectativa de vida foram encontradas entre pessoas consideradas ‘acima do peso’.”

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(*)Linda Bacon é especialista em controle de peso, pesquisadora da Universidade da Califórnia e autora do livro Health at Every Size.

Os artigos aqui publicados não representam a opinião da SUPER.

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