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Os nanicos da Copa

Tamanho não é documento. nas Copas, os países pequenos dão mais alegria do que os grandes.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h14 - Publicado em 31 mar 2006, 22h00

Marcelo Orozco

Só as potências não bastam. Copa que é copa tem de ter o bloco de coadjuvantes que garante o suprimento de histórias folclóricas e opção para adotarmos como segundo time em caso de emergência. Foi o que aconteceu em 1990, por exemplo, quando a nossa seleção era ruim de doer e o papel de nanico-sensação foi assumido por Camarões, que conquistou o mundo com as danças do veteraníssimo Roger Milla, de 38 anos, e, de quebra, bateu a Argentina. Em 2006, a lista de candidatos a miniestrela é grande. Vai de seleções com fama de azaradas, como Austrália, a estreantes como Togo, Costa do Marfim, Gana e Angola.

Mas o maior candidato ao posto é Trinidad e Tobago, menor país entre os 32 classificados. A ilhota do Caribe, com 1,3 milhão de habitantes (menos que Porto Alegre), vai para a Alemanha com aquele “exotismo” simpático e a chance de corrigir uma injustiça.

Trinidad deveria ter estreado numa copa há 32 anos. Nas eliminatórias para o torneio de 1974, chegou bem perto da vaga. Mas, num jogo decisivo no Haiti (que vivia a sinistra ditadura de “Baby Doc” Duvalier), teve nada menos que 4 gols misteriosamente anulados e perdeu por 2 a 1 para os donos da casa. Ficou de fora.

Para este ano, a festa está garantida. Nas arquibancadas estará o carnavalesco Laventille Rhythm Section, bateria de tambores caribenhos organizada numa das regiões mais miseráveis da capital, Port of Spain. Em campo, Trinidad terá seus Roger Millas – veteranos aposentados da seleção que retornaram para jogar uma c opa. Dwight Yorke tem 34 anos e Russell Latapy já está com 37.

Além de experientes, Yorke e Latapy são amigões de farra. Em 2001, foram detidos pela polícia escocesa dentro de um Fusca, acompanhados por duas senhoritas que não eram suas companheiras oficiais. Latapy, que estava ao volante, trombou com o bafômetro: estava 3 vezes acima do limite alcoólico permitido.

Demitido por causa do escândalo, Latapy nem se abalou: passou a semana seguinte na gandaia explícita. Cinco anos depois, ele promete que vai se limitar a fazer festa apenas em campo.

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Parreira e os “gatos”de gana

É um espanto que só agora Gana dispute uma copa. O país foi pioneiro do futebol na África negra, na Fifa e nas Olimpíadas. Venceu copas continentais e é potência nos mundiais jovens. Mas empacava nas eliminatórias. Não por falta de know-how estrangeiro. Em 1967, a seleção teve como técnico Carlos Alberto Parreira, ele mesmo, graças a um intercâmbio com o governo militar brasileiro. Parreira foi vice na Copa da África, mas sofreu fora de campo: teve malária e recebeu constrangedoras ofertas dos locais para desvirginar suas filhas – algo natural por lá. Também constatou a armação dos “gatos” (atletas que se passam por mais jovens): “Eles nem sabiam quando tinham nascido”.

Elefantes divididos

Assim como o Brasil tem sua “seleção canarinho”, a equipe da Costa do Marfim é carinhosamente chamada de “Os Elefantes”. Mas as manifestações de carinho param aí. A nação está dividida por uma guerra civil. O norte do país é controlado por forças rebeldes. O sul, pelo governo. E a cisão afeta o futebol. A ministra dos Esportes Genevève Bro Grebe reclamou abertamente: “Tem muito jogador do norte nesse time”. E há quem aponte que o experiente atacante Bakayoko só não vai jogar a Copa da Alemanha por ter nascido no norte.

A seleção que derrotou os nazistas

Em 2006, a Ucrânia estréia na copa como país independente. Os jogadores estão de parabéns, mas podem esquecer o posto de heróis máximos da nação. O lugar é cativo da seleção de 1942, quando o país estava invadido pelos nazistas. O time foi desafiado pela equipe da Força Aérea de Hitler, a Luftwaffe, e venceu. Houve revanche – e nova vitória. Pela lenda, todos os atletas foram fuzilados após o jogo. Na verdade, o time foi mandado para campos de concentração. Um craque morreu torturado. Outros 3, executados.

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“Costa rock”

Sabe aquele truque dos astros do rock de vestir camisa da seleção para “conquistar” a galera em shows? Pois foi exatamente o que a Costa Rica fez na Copa de 1990, em Turim. Apelou para um inédito uniforme preto-e-branco igual ao da Juventus, principal time da cidade, para ganhar a torcida local. No jogo de abertura da Copa de 2006, contra a Alemanha, a Costa Rica terá de inventar de novo. Os donos da casa anunciaram que vão de vermelho. A camisa da Costa Rica é (adivinhou!) vermelha. Pior: o Bayern de Munique, local do jogo, também…

A frase

“Nosso goleiro evitou um placar maior com uma atuação magnífica.”

Tony Langkilde, técnico de Samoa Americana, elogiando o goleiro Nicky Salapu depois do massacre de 31 a 0 sofrido diante da Austrália nas eliminatórias, em 2001. É a maior goleada da história em jogos de seleções. Mas que não serviu para o país quebrar a maldição da repescagem, que o fez perder a vaga no último jogo para as copas de 1994, 1998 e 2002.

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