PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Parem de procurar: não existe dieta que seja boa para todo mundo

Pelo menos não em ratos. Mas está ficando cada vez mais claro que a mesma coisa é verdade em humanos.

Por Denis Russo Burgierman
Atualizado em 11 mar 2024, 11h05 - Publicado em 20 jul 2016, 15h00

Antes era a tal pirâmide alimentar, que mandava você encher a pança de pães e massas e fugir como o diabo da cruz de qualquer gota de gordura saturada. Depois vieram dizer que não, que era o contrário: carboidrato é que é veneno e engorda, proteína é a receita paleolítica da saúde sarada. Soja, ovo, pão, vinho, carne, manteiga, café – a cada dia mudam os heróis e os vilões da alimentação saudável, enquanto cientistas, governos e a mídia inteira seguem na busca centenária da dieta perfeita.

Pois, no que depender do geneticista William Barrington, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, podem parar de procurar: essa coisa não existe. Barrington e sua equipe conduziram um experimento com ratinhos variados comendo dietas variadas – e sua conclusão foi que nenhuma dieta é boa para todo mundo. Diferentes perfis genéticos saem-se melhor ou pior com diferentes alimentos. A dieta perfeita de um pode embarangar o outro. E isso não deve valer só para ratinhos. “Dada a semelhança metabólica e genética entre humanos e camundongos, é altamente provável que o nível de diversidade de resposta a dietas que observamos no nosso estudo se repita em humanos”, disse Barrington, numa conferência de genética que aconteceu esta semana em Orlando, na Flórida.

LEIA: Surpresa: comer macarrão pode ajudar a emagrecer.

O que os cientistas fizeram foi separar os bichinhos em quatro grupos e dar a cada um deles alimentos inspirados em alguma dieta humana, por seis meses. Um grupo de camundongos comeu como japoneses, com extrato de chá verde e tudo, enquanto outro ganhou extrato de vinho tinho como parte de sua “dieta mediterrânea”. O terceiro grupo de ratinhos recebeu uma dieta cheia de carne e proteínas, mas quase sem carboidrato algum, segundo os conselhos do nutricionista Robert Atkins, enquanto o último esbaldou-se em junk food, para representar a chamada “dieta ocidental”.

Os resultados detalhados ainda não foram publicados, mas, durante a conferência, Barrington contou que ratos diferentes responderam de maneira diferente a cada dieta. Ratinhos de uma certa linhagem genética ficaram obesos com a dieta ocidental mas permaneceram esbeltos seguindo os conselhos de Atkins. Outros, no entanto, reagiram ao contrário: engordaram com proteínas e mantiveram o peso com a dieta ocidental. Algumas variedade mais sortudas quase não pareciam sentir os efeitos da dieta: não engordaram com nenhuma das quatro. Mas houve também quem ficasse gordo até mesmo com a dieta mediterrânea, tida como ideal.

Continua após a publicidade

LEIA: Tudo que comemos causa câncer. Tudo cura câncer também.

“Não existe dieta universalmente saudável”, disse Barrington, na conferência. “Há uma generalização excessiva dos benefícios e riscos à saúde ligados a cada dieta.”

Quer dizer então que eu posso comer o que eu quiser já que os cientistas não sabem mesmo o que engorda e o que emagrece?

Continua após a publicidade

Sorry, não. Quer dizer quase o contrário disso: que é preciso que cada um de nós passe a vida prestando muita atenção no que come, para compreender o que lhe engorda ou emagrece, o que aumenta e o que baixa o colesterol, o que lhe faz bem e mal. Claro que ajuda ter acompanhamento profissional, de um médico ou nutricionista que o conheça bem. Mas provavelmente o mais fundamental é o trabalho individual de aprender a conhecer o que o seu corpo gosta. Nenhum médico, cientista, apresentador de TV – ou revista – pode fazer isso por você.

***

(Postaremos o link para a pesquisa assim que ela for publicada.)

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.