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Quando surge a alergia?

Se o organismo exagera ao defender-se de um agente externo, o resultado é a alergia, um mal que aflige uma em cada dez pessoas e contra o qual começa a nascer uma geração de potentes remédios

Por Lúcia Helena de Oliveira
Atualizado em 10 Maio 2017, 12h45 - Publicado em 31 jul 1989, 22h00

Os inimigos se encaram, fazem uma pausa e partem para o primeiro combate de uma guerra sem-fim. De um lado, células do sistema imunológico; de outro, substâncias inofensivas à maioria das pessoas, mas que para a minoria são veneno: nelas, o arsenal de defesa é tão numeroso que acaba deixando em ruínas os campos de batalha do organismo. Uma em cada dez pessoas é vítima da situação, o que classifica a alergia como a sexta maior doença em incidência. Não há saída, o mundo é mesmo cheio de pólen, pó, pêlos, produtos químicos – em todo lugar, a qualquer momento, algo pode detonar uma crise. A Medicina auxilia como pode, aliviando os sintomas. Pois as pesquisas só muito recentemente desvendaram as estratégias dos ataques de alergia, permitindo traçar caminhos para terapias mais eficazes.

A explosão de novas descobertas com certeza fará diferença, no futuro, para os cerca de 177 mil brasileiros alérgicos que devem nascer ao longo deste ano. Talvez eles nem venham a sentir na pele o peso dessa herança.

Sim, é de herança que se trata, porque o comportamento anormal das células imunológicas tem raízes familiares – e por isso pode ficar latente. Com pais alérgicos, uma pessoa tem 50 por cento de chances de um belo dia ser surpreendida, por exemplo, pelo desejo compulsivo de se coçar após comer uma salada de tomates; quando só o pai ou a mãe tem o problema, a chance se reduz a um quarto. No entanto, o padrão herdado nem sempre é seguido à risca. Filho de quem é alérgico a chocolate devora às vezes bombons impunemente. Mas pode ficar literalmente sem fôlego pelo perfume da mãe.

Seus genes, afinal, não trazem o retrato falado de um inimigo da família, mas a predisposição para fabricar armas específicas contra estranhos que por si só fazem mal à saúde. Essas armas são, na verdade, um tipo especial de anticorpo – chamado imunoglobulina E ou simplesmente IgE – descoberto na década de 60 por um casal japonês, Kimishige e Teruko Ishizaga, que então cursava Medicina nos Estados Unidos. Como as IgE, produzidas por certos glóbulos sanguíneos, eram dez vezes mais numerosas em pessoas alérgicas, os pesquisadores perceberam que, nesses casos, alguma culpa elas deviam ter pelo tremendo engano que comete o sistema imunológico ao engalfinhar-se com o que habitualmente não incomoda a grande maioria das pessoas.

Quando surge a alergia?

O comportamento diferente do sistema de defesa, aliás, inspirou o austríaco Clemens von Pirquet (1874-1929), o inventor do teste de tuberculose, a criar a palavra alergia, do grego allos (outros) e erguia (reação). Mas o termo tinha um sentido muito vago, pois englobava desde a saudável vermelhidão que indica a eficácia de uma vacina até as lesões de pele ou pruridos que certas pessoas manifestam ao tomar um inocente suco. Por isso, nos anos 50, o nome passou a definir apenas as reações negativas do organismo. Mas ainda se acreditava que os sintomas alérgicos eram causados por falhas nas defesas orgânicas, como se, paradoxalmente, elas conseguissem lidar com micróbios insidiosos e vacilassem diante da inevitável presença de pó.

A descoberta da IgE, portanto, colocaria as pesquisas no eixo: ou seja, demonstrou-se que a alergia não é típica dos organismos indefesos, mas dos intolerantes, que compram briga por qualquer bobagem. A luta nunca se trava de imediato. Ao cismarem com determinada substância, então promovida a alérgeno -, passa-se um tempo durante o qual cada encontro com o inimigo estimula a produção das IgE. Com sua forma em “Y”, elas fincam suas hastes em basófilos, células existentes no sangue, ou em mastócitos, células que se encontram ali onde o corpo humano se abre para o mundo, ou seja, na pele, nos canais do aparelho respiratório, nos caminhos do aparelho digestivo.

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Após vários encontros já se forma um batalhão em torno dessas células, todas recheadas de pequenos grãos, os mediadores, assim chamados porque intervêm em diversas reações fisiológicas. Com o exército de IgE a postos, os contatos seguintes com o alérgeno não serão nada diplomáticos. Os alérgenos serão atraídos para os anticorpos; ao se unirem, alterações químicas agirão como se disparassem uma granada, explodindo as células que serviam de guarita. Voam mediadores por todos os lados. Conforme o local do acidente, tem-se uma reação tóxica: no nariz, os grãos provocam a coriza; nos pulmões, contraem os brônquios, causando a asma; nos olhos, irritam até levarem às lágrimas; na pele, fazem as misérias das urticárias.

Os mediadores costumam ser liberados em quantidades mínimas. A histamina, o mediador mais conhecido, serve para manter normais as condições de pressão e temperatura. Em dias muito frios, o nariz vermelho e inchado que compõe o visual de quem se arrisca a longas caminhadas denuncia a sua ação. A finalidade não é deixar ninguém com cara de palhaço: com o seu poder de regular o tônus dos vasos sanguíneos, a histamina faz com que estes se alarguem quando o ar está abaixo dos aproximadamente 37 graus que os pulmões apreciam; assim, o inchaço dificulta a passagem da corrente fria pelas vias aéreas, dando um tempo maior para o ar se aquecer no corpo.

Quando surge a alergia?

As placas vermelhas estampadas na pele com urticária, do mesmo modo como o inchaço, resultam de uma ação semelhante, mas aí provocada pela inundação de histamina nos tecidos, após o vazamento dos mastócitos. “Quem aparece no local errado sempre acaba fazendo bobagem. É o caso dos mediadores nas alergias”, compara o alergista Charles Naspitz, da Escola Paulista de Medicina. Levada a extremos, a bobagem pode custar a vida: quando todos os tecidos do corpo estão sensibilizados em relação a certo alérgeno, uma quantidade ínfima deste é suficiente para espalhar histamina da cabeça aos pés; os vasos aumentam a ponto de a pressão cair a zero e o sangue perder o embalo para continuar circulando; a garganta, como todo o resto do corpo, incha por dentro, fechando a entrada para o ar. Este conjunto de sintomas caracteriza o choque anafilático, um caso fatal em cada milhão de casos de alergia.

Se todo mal, porém, fosse a histamina, as alergias já teriam remédio há mais de cinquenta anos, quando foram descobertos os anti-histamínicos – substâncias que encostam nas células nos pontos exatos em que o mediador costuma se encaixar para realizar alterações químicas. Os remédios anti-histamínicos têm apenas um defeito: no cérebro, a histamina ajuda a manter-nos acordados; ao bloqueá-la ali, alguns anti-histamínicos provocam sonolência. “A reação varia conforme o organismo”, observa o alergista Naspitz na própria família. “Minha filha dorme o dia todo se tomar uma única dose; já o irmão não sente nada.”

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Farmacologistas americanos criaram há cinco anos moléculas de anti-histamínicos que não atravessam o cérebro e, portanto, livram os pacientes dos bocejos. No entanto, segundo Naspitz, embora seja um avanço importante, os velhos remédios ainda são o melhor alívio para os casos de coceiras. Sedantes ou não, os anti-histamínicos funcionam em dois terços das alergias. Isso porque a histamina só merece o cartaz que tem em questões de pele. Nas alergias respiratórias, por exemplo, seu nome se perde numa lista de quinze a vinte mediadores em ação.

Entre estes, nos episódios de asma em particular, rouba a cena o PAF (sigla em inglês de “fator ativador de plaquetas”), que uma equipe do Instituto Pasteur, em Paris, comandada pelo farmacologista brasileiro Bernardo Boris Vargaftig, provou desempenhar três papéis de destaque. A descoberta é, sem dúvida, o mais recente capítulo na pesquisa sobre asma, problema que representa cerca de metade dos casos totais de alergias. Para se ter idéia, uma em cada dez crianças levadas aos prontos-socorros paulistanos sofre de crises asmáticas.

Quando surge a alergia?

A doença também tem um custo social. Segundo estatísticas dos Estados Unidos, onde há mais de 10 milhões de asmáticos, as crises causam 8 milhões de faltas ao emprego e 130 milhões de ausências na escola, por ano. Descoberto ainda em 1972 pelo cientista francês Jacques Benveniste, o PAF só teve suas propriedades reveladas a partir do momento que a equipe chefiada por Vargaftig resolveu estudá-lo. “O PAF tem funções chocantes”, conta o cientista. De fato, a substância liberada pelas células basófilos está presente em processo tão diversos quanto úlceras, rejeição de transplantes e problemas oculares.

Liberado graças ao alérgeno, na asma o PAF demonstra sua nefasta versatilidade. Seu efeito imediato é o de contrair os brônquios, o que Vargaftig provou aplicando a substância em cobaias e conseguindo com isso simular crise asmáticas. O pior é que o PAF também prepara o terreno para outras crises. Hoje se sabe que as chamadas crises tardias podem ocorrer quando a raiz de todo o mal – o alérgeno – nem está mais por perto. É que o PAF desencadeia um efeito cascata, convocando células ligadas a processos inflamatórios que, por sua vez, atraem outras até que, entre as recrutadas, chegam aos pulmões substâncias irritantes. Reagindo à agressão, os brônquios voltam a se contrair, numa crise tardia.

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De seu lado, percebendo a contração, o cérebro pode exigir o comparecimento de mais células inflamatórias – é uma bola de neve. O PAF convoca também os eosinófilos, que correm no sangue. Essas células, que combatem parasitos como as lombrigas, soltam tóxicos que lesam as mucosas pulmonares. Eis porque os asmáticos tossem por qualquer coisa, embora nem toda asma seja alérgica: além das mucosas fragilizadas, os brônquios, também por causa do PAF, ficam cobertos por camadas mais espessas de muco, o que impede seus cílios de se movimentarem para se livrar de partículas estranhas.

Quando surge a alergia?

“Se alguém tem um acesso de asma quando outro acende um cigarro, o alérgeno pode nem ser a fumaça. Pois a partir de certo ponto o pulmão fica sensível a quase tudo”, explica o médico Júlio Croce, da Universidade de São Paulo, que há mais de trinta anos estuda o assunto. Descobrir o verdadeiro culpado é fundamental, porque a única cura comprovada para uma alergia é ficar longe do alérgeno.

O diagnóstico é realizado em clima detetivesco. O médico investiga os hábitos do paciente para levantar alguns suspeitos e testá-los na vítima. Mas, mesmo que uma substância provoque, por exemplo, uma irritação ao ser injetada sob a pele, o fato em si não é prova suficiente para acusá-la. Afinal, a pessoa pode ter anticorpos contra algo – daí a reação -, sem que esse algo seja o responsável pelos acessos de espirro ou pelo ardor nos olhos. Por via das dúvidas, o suspeito número 1 é afastado da vida do doente. Ainda que os sintomas desapareçam com a medida, os testes devem ser repetidos algumas vezes para se descartar a hipótese de coincidência. Identificado o alérgeno, pode-se tentar o uso de vacinas, na esperança de tornar o organismo inacessível a sua presença. Para Croce, quem passa as férias na praia conhece o mecanismo do tratamento por intuição.

“Os insetos”, diz ele, “parecem castigar apenas os turistas, porque a maioria dos caiçaras não fica com os sinais inchados das picadas. Na verdade, o organismo deles pode ter se acostumado com as toxinas desses insetos.” Contudo, nem sempre as vacinas cumprem seu papel: após anos de paciência, uma pessoa alérgica pode descobrir que nada faz seus anticorpos desistirem da luta. Existem pessoas que, por azar, tornam-se alérgicas a substâncias com as quais são obrigadas a lidar no trabalho. O mais grave, no entanto, é que algo como oito em dez pessoas com rinite ou asma são alérgicas ao pó domiciliar – ou, mais precisamente, reagem às fezes de seres microscópicos, os ácaros, primos distantes das aranhas.

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Como cada grama de pó contém 5 mil desses invisíveis insetos, e 2 milhões deles dividem o espaço do leito com um casal, todo mundo os culpava pelas alergias, até que no início deste ano um cientista australiano provou que as fezes dos germes têm substâncias alérgenas muito mais potentes. “Isso explica porque boa parte dos extratos de alérgenos do corpo dos ácaros não funcionava bem para testes, muito menos para vacinas”, esclarece o patologista Domingos Baggio, da Universidade de São Paulo.

Há dez anos, por mera curiosidade, ele foi conhecer os “ tais ácaros”, através das lentes de seu microscópio. Interessado, passou a dedicar tempo integral ao bichinho. A certa altura, o professor resolveu montar um aparelho para obter extratos de alérgenos de ácaros. A ideia é que quanto mais puros forem esses concentrados, mais eficazes serão. Os sofisticados equipamentos dos centros de pesquisa do hemisfério norte chegam próximo, mas não alcançam a perfeição. Por isso, Baggio ficou muito surpreendido quando o americano Thomas Platts-Mills, considerado maior acarologista do mundo, o procurou para saber como havia conseguido extratos 100 por cento puros de oito alérgenos de ácaros. Com jeito tranqüilo, o professor de 63 anos e cabelos grisalhos pisca os olhos: “Deixei que morresse de curiosidade. E também porque nem tive tempo para tirar patente”.

Os extratos já estão sendo testados até na Finlândia, onde, aliás, a necessidade de boas vacinas é grande: prova de que alergia é hereditária, ali 65 por cento da população é alérgica a pó. Engraçado mesmo será quando se descobrir em que consiste o famoso equipamento de Baggio: entre as principais peças figuram potes de creme de leite. Baggio, porém está mais entusiasmado em revelar outro segredo. Por muito tempo os cientistas buscaram a causa de certas dermatites crônicas relativamente comuns, que parecem pruridos nas dobras do corpo, como cotovelos, joelhos, calcanhares.

Quando surge a alergia?

Junto com o professor Júlio Croce, Baggio colecionou novecentos casos, nos últimos oito anos, mostrando que a alergia nada mais era do que o ácaro atacando outra vez num território bem diferente dos pulmões. “Passaram na nossa frente”, lamenta o pesquisador, pousando um livro em inglês sobre a mesa. Baggio encomendou a obra recém-publicada por acaso, sem saber direito o conteúdo. E, para sua surpresa, a autora, uma cientista holandesa, provava a mesma tese sobre as dermatites. Com uma diferença: não reuniu mais de trezentos casos. Mas Baggio conhece o motivo do comportamento anormal dos ácaros: por razões diversas, eles não conseguem encontrar comida no ambiente e começam a mordiscar o corpo humano. “Isso ninguém publicou”, revela o professor, como se tirasse uma carta da manga.

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Quanto mais se conhece a intimidade dos processos alérgicos, maiores são as chances de vencê-los. Assim como as revelações sobre os ácaros levam a vacinas mais eficientes, a descoberta do PAF faz surgir substâncias capazes de anular seus efeitos, liquidando o mal da asma. Alguns desses antiPAFs, atualmente em testes clínicos, podem chegar ao mercado em dois ou três anos. Os cientistas também buscam bloqueadores de íons de cálcio, pois provavelmente é a passagem desses íons, dos anticorpos para o interior dos mastócitos, que detona a explosão dos mediadores, tipo histamina. Remédios como esse cortariam os sintomas das alergias.

O reverso dessa esperança é a evidência estatística de que o número de alérgicos dobrou na última década, de acordo com estudos europeus. Não é certo que o suspeito mais fácil, a poluição, seja realmente o culpado. Certo é que a síntese de novas substâncias praticamente todos os dias aumenta o rol dos alérgenos. Por isso os produtos deveriam especificar todos os ingredientes que contêm. Quando se afirma que apenas 2 por cento das alergias são causadas por alimento, não se sabe se a porcentagem baixa é conseqüência da ignorância em relação ao conteúdo de um enlatado ou de uma garrafa de refrigerante – algo que a legislação brasileira, por exemplo, não obriga a indústria a divulgar. Mesmo em relação a remédios, nunca se sabe: a bula de uma pomada para alergias especifica os princípios ativos e fornece apenas a porcentagem de excipiente. Por excipiente, porém, pode se entender um complexo de até vinte substâncias. Quem usa a pomada para tratar de uma urticária pode ironicamente ser alérgico a uma delas.

 

Ideias irritantes

A hipótese de ser surpreendido por uma crise alérgica não é exatamente agradável. Por isso, alguns acham que todo cuidado é pouco e acreditam piamente em mitos como estes:

Alergia não tem cura

Pode ter, sim. Na teoria, manter-se longe do alérgeno por muito tempo pode fazer com que o organismo o esqueça, não produzindo anticorpos no reencontro. Na prática, isso foi observado apenas em crianças – poucas vezes, diga-se -, talvez porque seu sistema imunológico ainda esteja em desenvolvimento.

Pêlos provocam alergias respiratórias

Grande demais para ser aspirado, o pêlo leva a culpa por outras substâncias: cães e gatos, por exemplo, ao lamber-se deixam proteínas da saliva e mesmo caspinhas de sua pele no ambiente. Estas, sim, podem ser alérgenas.

Em casa de pessoas alérgicas a pó, os tapetes devem ser limpos com mais frequência

Em casas de pessoas alérgicas a pó não pode haver tapete nem carpete. Pesquisas realizadas há poucos meses na Universidade de São Paulo mostram que após meio ano de uso o achatamento das fibras cria um refúgio seguro para os ácaros, os microscópicos bichos do pó. Dali, não há aspirador nem pano úmido que os arranque.

Crises de asma num momento difícil são chantagem emocional

Estresse e reações emocionais fortes efetivamente desencadeiam, por mecanismos desconhecidos, a liberação de mediadores – mas só em pessoas já alérgicas.

Gripe mal curada pode virar asma

Como o nariz de quem sofre de rinite alérgica vive escorrendo, confunde-se o problema com uma gripe que custa a passar. Eventualmente, a histamina liberada pelos mastócitos do nariz chega aos pulmões e irrita os brônquios – daí a asma. Mas isso ocorre nos casos de rinite.

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