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Solução de emergência

O governo americano autoriza a venda de uma nova pílula do dia seguinte. É abortiva? Médicos e Igreja divergem.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h32 - Publicado em 30 nov 1998, 22h00

Ivonete D. Lucírio

Você já deve ter ouvido falar da pílula do dia seguinte, mas é pouco provável que conheça alguém que a tenha usado. No Brasil, ela é quase ignorada. Nos Estados Unidos, porém, esse anticoncepcional deve se tornar popular. O governo americano liberou, em setembro, a venda sem receita médica do Preven, um kit no estilo faça-você-mesmo. Depois de uma relação sexual imprevista, a mulher pode ir a uma farmácia e apanhar um pacote com quatro comprimidos e um teste de gravidez. Se der positivo, é inútil ir adiante, pois a pílula não vai fazer efeito. Se der negativo, basta seguir as instruções. Mas por que a mulher tomaria o remédio se o teste deu negativo? É que até 72 horas depois da relação ainda pode ocorrer a gravidez, e é nesse período que o Preven atua.

Parece simples, mas o assunto é controverso. Para os médicos, só existe gravidez quando o óvulo fecundado se fixa no útero. Portanto, o novo produto não seria abortivo. Para a Igreja Católica, porém, não é assim. “A gravidez acontece no encontro do espermatozóide com o óvulo”, diz o padre Marcos Fabri, diretor do Instituto Alfonsinianum de Ética. “A partir daí, o embrião tem o direito à vida.”

O polêmico método nem é tão novo. “Até agora, usávamos uma superdosagem das pílulas convencionais”, diz o médico Jorge Andalaft Neto, do Hospital Jabaquara, em São Paulo. O que não havia era um produto específico como o Preven. Ele é feito de hormônios sintéticos que imitam o estrógeno e a progesterona, indispensáveis no ciclo reprodutivo. As duas primeiras pílulas devem ser tomadas até três dias depois do ato sexual. Após doze horas, tomam-se as outras duas. Isso multiplica por dez o nível de hormônio no organismo, impedindo a gestação. Mas atenção: esse choque provoca dores de cabeça, cólicas e vômitos – e só funciona em 75% dos casos. Os médicos a recomendam em casos de estupro ou de um descuido eventual. Não pode, jamais, tornar-se rotina.

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Dias contados

Até 72 horas após o ato sexual não planejado, é possível evitar a gravidez. Uma nova pílula do dia seguinte age de duas formas.

Sinal fechado

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Hormônio barra passagem do óvulo.

A alta dosagem hormonal das pílulas provoca a diminuição de uma substância chamada FSH. É ela que provoca a contorção da tuba, que empurra o óvulo em direção ao útero e, portanto, ao encontro do espermatozóide. Com pouco FSH, o movimento da trompa diminui. O óvulo entala e não encontra o espermatozóide.

Dose gradual

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Como atua a pílula convencional.

O cérebro é induzido a achar que já há hormônio suficiente no sangue.

Por isso, ele manda os ovários interromperem a produção de outros dois hormônios: o estrógeno e a progesterona.

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Sem esses dois hormônios, não acontece a liberação do óvulo – e, sem ele, não há gravidez.

Alternativa teflon

A parede do útero torna-se escorregadia.

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1. Se o encontro do óvulo com o espermatozóide já aconteceu, a pílula ainda impede que o ovo se fixe na parede do útero. Tecnicamente, é só quando ocorre a fixação que acontece a gravidez.

2. A overdose de hormônio causa uma descamação do endométrio – a camada interna que forra o útero –, renovado todo mês após a menstruação. O ovo não adere à parede do útero.

3. As células que se despregam são eliminadas. Às vezes, ocorre um pequeno sangramento ou uma secreção transparente. Solto, o ovo segue o mesmo caminho.

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