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Talco causa câncer? Entenda a nova classificação da OMS

A OMS incluiu o talco na lista de substâncias “provavelmente cancerígenas”. Mas ainda são necessárias mais evidências para confirmar essa correlação.

Por Bela Lobato
10 jul 2024, 12h00

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o talco como substância provavelmente cancerígena. Ele foi incluído na lista da Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês), que classifica substâncias consideradas perigosas, mas não explicita necessariamente o risco de desenvolver câncer. 

Na prática, a lista reconhece de que existem estudos relacionando aquela substância ao câncer – mas não leva em conta a dosagem, as circunstâncias de uso, nem outros fatores envolvidos.

A categoria de provavelmente cancerígenos”, em que o talco foi incluído, também conta com gás mostarda, glifosato, esteroides anabolizantes, infecção pelo vírus HPV, consumo de carne vermelha, bebidas quentes (acima de 65 graus) e até o risco ocupacional de trabalhar como cabeleireiro ou barbeiro – que a IARC atribui ao contato com os produtos utilizados, em especial as tintas de cabelo.

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No caso do talco, os especialistas da IARC consideraram que existem evidências suficientes para considerar que é provável que talco provoque câncer, especialmente de ovário. Eles apontam a existência de “fortes evidências” encontradas em experimentos in vitro, “evidências suficientes” em experimentos com animais, e “evidências limitadas” diretamente com humanos. 

Mesmo assim, mais estudos são necessários para confirmar a existência dessa correlação. Muitas vezes os resultados encontrados em estudos in vitro, só com células, não se aplicam à complexidade do corpo humano. 

O talco em questão não é exatamente aquele que vem no potinho da farmácia. Talco é um mineral argiloso, composto de silicato de magnésio hidratado. É comum que os talcos para bebês sejam uma mistura desse composto com amido de milho, mas também existem outras fórmulas feitas com substâncias diferentes. A classificação da IARC se aplica apenas a produtos que contenham o mineral talco, que aparece nas listas de ingredientes como “talc”.

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Os casos de câncer no ovário relacionados ao uso de talco são descritos pela medicina há décadas. Só que, até então, essa relação era atribuída à contaminação do talco com amianto. Na natureza, as duas substâncias são encontradas muito próximas, e nem sempre elas são separadas por meio da mineração. É a primeira vez que o talco sozinho, sem amianto, aparece nessa lista. Novamente, são necessários mais estudos para garantir que não haja contaminação cruzada.

O Brasil é o segundo maior exportador de talco do mundo, responsável por 12% da produção mundial. Ficamos atrás apenas da China, que produz 30%. Além do uso como cosmético, o talco também é utilizado na fabricação de papel, plástico, tintas e revestimentos, borracha, alimentos, cabos elétricos, produtos farmacêuticos, cosméticos e cerâmica. É frequentemente usado em superfícies de mesas de laboratório e quadros elétricos devido à sua resistência ao calor, à eletricidade e aos ácidos.

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