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Vacina contra a malária vai passar por primeiro grande teste

O teste ocorrerá na ilha africana de Bioko e medirá os efeitos da vacina em condições realistas.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 11 jan 2023, 21h16 - Publicado em 17 abr 2019, 18h08

A malária mata mais de 430 mil pessoas a cada ano. Ela está presente principalmente em locais mais pobres, como países da África, e também no norte do Brasil. Qualquer pessoa pode contrair a doença, e o risco de complicações graves é considerável – motivo pelo qual pessoas que moram ou visitam áreas de risco tem muito a ganhar com novas formas de prevenção.

Entra nesse cenário uma vacina, cuja taxa de prevenção contra a malária chega a bater 100%. Ela será testada pela primeira vez em larga escala e em campo (ou seja, com enormes grupos de pessoas de verdade). 2,1 mil pessoas entre 2 e 50 anos irão participar do estudo que ocorrerá no início de 2020.

90% das mortes por malária acontecem na África Subsaariana. E é justamente lá que esse teste será feito. Bioko é uma ilha que pertence a Guiné Equatorial e foi escolhida para servir de campo para o teste por já ser uma área de alta ocorrência da malária.

A vacina, denominada PfSPZ, se mostrou a melhor candidata desenvolvida até agora. Os resultados em laboratórios conferiram proteção completa contra o protozoário causador da malária em voluntários saudáveis – daí a taxa de “até 100% de eficácia”.

O intuito da pesquisa é estudar a eficácia da vacina em condições naturais. O mundo real é bem diferente dos laboratórios, mas as expectativas estão altas para os resultados. O teste recebe apoio tanto do governo de Guiné Equatorial quanto de iniciativas privadas.

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Como a vacina funciona?

A malária é transmitida através da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles que esteja infectado com o protozoário parasita. Existem quatro espécies diferentes de protozoários que podem transmitir a doença. Dentre esses, o Plasmodium falciparum é aquele que resulta nos casos graves e mortes.

É exatamente sobre ele que a vacina atua. Ela estimula a resposta imune contra o protozoário usando esporozoítos, células do parasita que estão na fase exata em que se encontram na hora que o mosquito pica as pessoas.

O grande diferencial é o uso do parasita inteiro como ingrediente da vacina. A maioria das outras vacinas se limita a usar uma quantidade pequena de proteínas dos protozoários. O uso do parasita inteiro, abundante em proteínas, explica a eficácia do método.

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Eficácia em campo

A principal dificuldade está na aplicação da vacina. Ela deve ser injetada diretamente dentro da veia, o mesmo procedimento que é feito quando vamos tirar sangue. Isso dificulta a organização de campanhas de vacinação em massa, visto que trata-se de um procedimento mais complexo quando comparado a vacinas aplicadas no músculo.

Experiências anteriores mostraram que mesmo métodos mais simples que esse podem gerar resultados consideráveis. A prevalência de malária em Bioko caiu de 45 para 12,5% em 15 anos após o início do uso de inseticidas e telas contra mosquitos. Ainda assim, é pouco provável que apenas essas técnicas consigam eliminar a malária. A vacina é necessária.

A ilha de Bioko tem uma população de 280 mil pessoas. Esse primeiro teste irá atingir apenas uma pequena parcela dos habitantes. Se for bem sucedido, o mesmo teste será feito com 10 mil pessoas e depois, finalmente, com a ilha inteira. Quem sabe, em pouco tempo, o mundo inteiro possa se proteger contra a malária.

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