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Vale a pena ser sede da Copa 2014?

Tomando por base só essa despesa, sediar o torneio parece uma fria ¿ afinal, daria para turbinar áreas como saúde, habitação e educação (e ainda movimentar a economia) se não fosse preciso gastar uma grana modernizando estádios, por exemplo.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h13 - Publicado em 31 jan 2008, 22h00

Texto Mário Grangeia

– Teste: Você sabe tudo de Copa do Mundo?

– O que é preciso para um país sediar a Copa?

– Quantas vezes o Brasil já tentou ser sede de uma Copa e quando?

Do ponto de vista econômico, tudo indica que não. Segundo os cálculos preliminares da CBF, o Brasil vai precisar gastar R$ 11 bilhões para se preparar para a Copa de 2014. Tomando por base só essa despesa, sediar o torneio parece uma fria – afinal, daria para turbinar áreas como saúde, habitação e educação (e ainda movimentar a economia) se não fosse preciso gastar uma grana modernizando estádios, por exemplo. Mas é preciso considerar outros itens para medir o retorno de uma Copa, como o gasto dos turistas. Pelas contas do governo, a Copa deve atrair 500 mil estrangeiros, que gastariam até R$ 3 bilhões. Além disso, se a competição gerar tantos postos de trabalho quanto a Alemanha gerou em 2006 (25 mil novas vagas), dá para computar mais R$ 500 milhões em investimentos, já que o custo médio por novo emprego está na casa dos R$ 20 mil. Há ainda quem identifique uma expansão da economia dos países-sede. Mas isso não é consenso. “Crescimento econômico é algo difícil de prever com tanta antecedência. No fim das contas, a alta do PIB pode ficar próximo de zero”, afirma o economista Fábio Sá Earp, da UFRJ. A esperança são os benefícios de longo prazo, mais difíceis de medir. Um estádio novo, por exemplo, pode gerar um círculo virtuoso no bairro, bombando o comércio e elevando a arrecadação para fazer mais obras. Sem contar que o torneio pode aumentar o fluxo turístico e melhorar a imagem do país. Se tudo isso acontecer, aí, sim, quem sabe em algumas décadas a gente poderá dizer que sediar uma Copa é um bom negócio?

Bola dividida

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À esquerda, a estimativa de gastos para o torneio. À direita, imaginamos um plano alternativo para aplicar a grana

R$ 8,5 bi

Onde – Infra-estrutura.

Quem – gasta Governo.

Grana Para – a infra-estrutura das cidades-sede. Segundo a Fifa, 4 candidatas precisam aumentar seu aeroporto e 6 não têm transporte público estruturado Para – receber adequadamente os jogos.

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R$ 2 bi

Onde – Reforma e construção de estádios.

Quem – gasta Iniciativa privada.

A aposta é que os governos locais busQuem – capital privado Para – fazer decolar os projetos. Em troca, os empresários teriam o direito de administrar os estádios por no mínimo 20 anos, para, em tese, obter lucro.

R$ 700 mi

Onde – Instalações oficiais.

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Quem – gasta Fifa.

Este é o único dinheiro garantido. A Fifa afirma que ela mesma vai bancar a construção de estruturas de apoio Para – os jogos, da sede do comitê organizador, dos centros de mídia e das centrais de segurança.

R$ 2,1 bi

Onde – Expansão do saneamento.

Para – Levar água tratada a 2,2 milhões de casas e coleta de lixo a 2,1 milhões – cerca de 20% do déficit de saneamento.

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R$ 2,8 bi

Onde – Crédito Para – casas populares.

Para – Financiar a construção ou compra de 480 mil casas populares – 6% do déficit habitacional.

R$ 2,8 bi

Onde – Universalização da eletricidade.

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Para – Levar luz a 1,6 milhão de pessoas no campo – 13% da população sem acesso à energia.

R$ 1,4 bi

Onde – Combate ao analfabetismo.

Para – Ensinar 600 mil jovens e adultos a ler e escrever – o que representa 4% a menos de analfabetos no país.

R$ 1,4 bi

Onde – Bolsa Família.

Para – Custear o programa por um ano Para – 1,8 milhão de famílias, que receberiam um auxílio mensal de R$ 62.

R$ 700 mi

Onde – Saúde da Família.

Para – Levar o programa Saúde da Família a mais 2 milhões de pessoas – superaria a população de Curitiba ou Recife.

Fontes: Orçamento Copa 2014 (conversão a partir do valor estimado em dólares), CBF, Fifa. Orçamento alternativo: números recentes dos ministérios do governo federal, IBGE, site Contas Abertas, Agência Brasil, FGV.

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