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Contar a história do Campari é fácil. Já a do Negroni, nem tanto

Entenda a origem e aprenda a preparar um dos drinks mais famosos do mundo.

Por Rafael Battaglia
4 fev 2025, 10h00

Filho de fazendeiros, Gaspare Campari trocou o campo pela cidade aos 14 anos, quando foi trabalhar em um bar em Cassolnovo, norte da Itália. Ele era garçom, mas não demorou para que ele ajudasse também a preparar as bebidas do estabelecimento – licores e bitters.

Bitter (“amargo”, em inglês) é uma bebida alcoólica saborizada com um caminhão de ervas e outros temperos. Assim como o vermute, descende de antigas infusões medicinais. As versões modernas se desenvolveram sobretudo no norte da Itália para serem consumidas antes ou depois das refeições (não à toa, também são chamadas de aperitivos ou digestivos).

Nos anos 1840, Gaspare abriu um bar em Milão. Lá, em 1860, criou um bitter batizado com o sobrenome da família. O Campari foi um sucesso instantâneo. O primeiro coquetel com ele foi o Milano-Torino: partes iguais do bitter e de vermute, bebida comum da região de Turim (daí o nome). Depois veio o Americano: Campari, vermute e club soda, um tipo de água com gás – uma adição que teria partido de um americano de passagem pela cidade. É o primeiro drink que James Bond toma nos livros de Ian Fleming.

Gaspare morreu em 1882. Seu filho, Davide, expandiu os negócios e, em 1904, abriu a primeira fábrica da empresa. Anos depois, extinguiu a produção das várias bebidas desenvolvidas pelo pai para focar apenas no Campari e seus derivados, caso do Campari Soda, vendido numa garrafinha, pronto para beber.

O Negroni, drink mais famoso associado ao Campari, teria nascido em 1919. A história mais difundida é a do conde Camillo Negroni, um aristocrata italiano que teria pedido uma versão mais forte do Americano em um bar de Florença. Para atendê-lo, o bartender trocou o club soda por gim. O público curtiu e logo passou a procurar pela “bebida do Negroni”.

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É uma história bacana, mas bastante inconsistente. Não há registros de que o tal Camillo tenha existido. O seu visual à la velhinho do Monopoly de bigode e cartola, consagrado pelas propagandas da Campari, provavelmente foi inspirado no pintor Arnold Henry Savage Landor, um famosinho da época nascido em Florença que frequentava a corte da rainha britânica Vitória.

Outra versão da história diz que o drink foi ideia do general francês Pascal-Oliver de Negroni – este sim, um conde. Ele teria criado um coquetel à base de vermute (provavelmente, sem Campari) nos anos 1870 enquanto estava no Senegal, na África. Uma outra hipótese defende ainda que o drink nasceu nos EUA no início do século 20, depois que a Campari passou a produzir o bitter em larga escala. Seria uma adaptação do Martini (que leva gim e vermute).

Faltam pesquisas para rastrear a verdadeira origem da bebida. Mas elas provavelmente não virão da Campari, que endossa a versão do Camillo, condizente com a ideia de sofisticação que a marca reforça em suas propagandas. A Campari, hoje, é o sexto maior grupo de destilados do mundo, dona de rótulos como Aperol, Cynar e Cinzano. Se você já reclamou de alguma bebida mais amarguinha, a culpa é dela.

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Negroni

1 – Encha um copo com gelo (de preferência cubos grandes, que demoram mais para derreter). Adicione 30 ml de Campari, 30 ml de gim e 30 ml de vermute tinto.

2 – Mexa por pelo menos 20 segundos, até você sentir o copo bem gelado. Finalize com uma tira da casca de laranja bahia (antes de colocar, torça-a em cima do copo para liberar os aromas da fruta).

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3 – O Negroni é um drink com um sem-fim de variações. Substitua o gim por uísque bourbon e você terá um Boulevardier. Troque por 60 ml de espumante prosecco e nascerá o famoso Negroni Sbagliato.

 

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