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Dois terços do plástico produzido na história foram parar no lixo

Produzimos 822 mil torres Eiffel de plástico desde os anos 1950 - metade disso só na última década. E as consequências para o planeta são aterrorizantes.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 20 jul 2017, 15h46 - Publicado em 20 jul 2017, 15h34

8.3 bilhões de toneladas, e contando. Esse é o total de plástico que a humanidade produziu em 65 anos – desde o início da década de 1950 até 2015. O número integra um estudo publicado na revista Science Advances, o primeiro a analisar a fabricação, uso e destino de nosso principal derivado do petróleo.

As comparações são inevitáveis: 8.3 bilhões de toneladas são a mesma coisa, em massa, que 822 mil versões originais da Torre Eiffel. Para quem prefere uma comparação mais orgânica, seria como colocar na balança 80 milhões de baleias azuis, o animal mais pesado de todos. Se acumulado, todo esse plástico seria suficiente para cobrir a Argentina – disse Roland Geyer, que liderou o estudo, em entrevista à Forbes.

Com essas referências em mente, fica mais fácil entender o tamanho da pegada de plástico que estamos criando. Além de gigantesca, dá para dizer que ela avança em velocidade recorde, já que metade desse total foi produzido em um período de onze anos – entre 2004 e 2015.

6.3 bilhões de toneladas, quase dois terços do fabricado, foi desperdiçado. Do montante, apenas 9% passou por algum processo de reciclagem, ou foi incinerado (12%). O resto da “obra” ainda pode livremente ser apreciada por aí: 79% do plástico permanece empilhado em lixões, ou está virando alimento para a vida marinha. Estudos anteriores mostraram que há cerca de 5 trilhões de peças plásticas boiando atualmente nos oceanos – e pelo menos 5 milhões de toneladas são despejadas nos mares todos os anos.

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“A maioria dos plásticos não se decompõe naturalmente, o que quer dizer que o desperdício gerado pelos humanos pode nos acompanhar por centenas ou talvez milhares de anos”, explica Jenna Jambeck, co-autora da pesquisa. A estimativa foi feita a partir de estatísticas de produção de resinas, fibras e aditivos, em indústrias do mundo todo.

Segundo o grupo, os maiores vilões atuais parecem ser  as embalagens – destino de até 40% do plástico atual. Tudo a ver com nossa lógica consumista, do uso desenfreado e descarte rápido. “Metade de todo o plástico é descartado depois de quatro anos ou menos de uso”, explica Geyer.

Os cientistas acreditam que, se mantivermos o ritmo, o total de plástico mais que triplicará 2050. Das 28 bilhões de toneladas que encherão o mundo daqui a três décadas, cerca de 12 bilhões terão como destino final os ambientes naturais.

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