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“Domo Dourado”: proteção antimíssil que Trump quer construir nos EUA é mesmo factível?

Ideia de sistema de defesa custaria mais de US$ 175 bilhões e é inspirada no "Domo de Ferro" de Israel; entenda como funcionaria.

Por Eduardo Lima
22 Maio 2025, 19h00

Quase um trilhão de reais. Essa é a quantia que Donald Trump está planejando gastar para desenvolver um novo sistema de defesa antimíssil para os Estados Unidos. A proposta, apelidada de Golden Dome (“Domo Dourado”), custaria US$ 175 bilhões e protegeria o país de ataques vindos de outros países – e também do espaço.

Pelo menos esse é o custo que a equipe do presidente estimou, por ora. Uma agência apartidária do Congresso dos Estados Unidos acredita que esse hipotético sistema intercontinental de interceptação de mísseis pode custar entre US$ 161 bilhões (R$ 906 bilhões) e US$ 542 bilhões (R$ 3 trilhões), num período de 20 anos.

Mas é possível proteger um país de tamanho continental de mísseis balísticos? O governo republicano acha que sim. A ideia é que o Domo Dourado atue na terra, no mar e até no espaço, para proteger o território estadunidense de qualquer ameaça aérea, desde mísseis nucleares até pequenos drones. O sistema de defesa foi prometido para o fim de mandato de Trump (ou seja, até o começo de 2029).

Trump gosta de construir muros, mas o Domo Dourado não vai ser um domo literal e físico cobrindo os Estados Unidos. O sistema seria um conjunto de sensores e aparelhos para interceptar ameaças espalhados pelo território do país e contando também com satélites no espaço. Esse era, inclusive, um sonho antigo do ex-presidente Ronald Reagan. Nos anos 1980, Reagan tentou criar um sistema de defesa espacial que foi apelidado de Star Wars, mas que não foi para frente.

Funcionaria, resumidamente, assim: radares detectariam quando uma ameaça estivesse a caminho dos EUA e calculariam qual área seria atingida. Daí, um míssil seria lançado do solo americano para colidir com a arma inimiga, destruindo a ameaça com uma explosão no ar.

Empresas de armamentos, como a Lockheed Martin, e de tecnologia, como a SpaceX, estão envolvidas no projeto do governo americano. O financiamento corre risco de não ser aprovado no Congresso porque a oposição questiona o favorecimento à empresa espacial de Elon Musk, conselheiro sênior de Trump.

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Não dá para ter certeza se o projeto ambicioso (e muito caro) vai funcionar, mas ele é inspirado num sistema existente e muito eficiente: o Domo de Ferro de Israel.

Guerra nas estrelas

Os Estados Unidos, como vários outros países, já têm um sistema de defesa antimíssil. O National Missile Defense começou na década de 1990 e continua até hoje, com mísseis anti-balísticos que podem proteger o país de ataques inimigos, atingindo os projéteis no meio de sua trajetória.

A ideia do Domo Dourado vai bem além de uma simples defesa aérea, porém. O projeto visa conquistar militarização do espaço e superar tratados sobre armamentos firmados no século passado. Em seu primeiro mandato, Trump saiu de dois acordos internacionais da época da Guerra Fria sobre mísseis antibalísticos e armas nucleares, argumentando que a Rússia não estava respeitando o trato.

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Agora, um sistema como o Domo Dourado pode ficar de fora desses tratados internacionais que Trump desprezou, e seu componente espacial levanta dúvidas sobre suas capacidades balísticas, e não só defensivas.

O nome é inspirado no Domo de Ferro, programa de defesa antimíssil sofisticado de Israel, que funciona desde 2011 e foi desenvolvido com apoio dos Estados Unidos. Mas a inspiração parece parar por aí. O Domo de Ferro só consegue interceptar ameaças de curto alcance, como foguetes e drones, e funciona com radares rebocados por caminhões. Bem diferente dos satélites espaciais para derrubar mísseis intercontinentais de Trump, que teoricamente protegeriam uma área 450 vezes maior que Israel.

Não dá para saber se o Domo Dourado vai funcionar. Por enquanto, satélites que possam interceptar mísseis intercontinentais estão mais no campo da ficção científica do que da realidade. Uma parceria com o Canadá e instalar equipamentos na Groenlândia ajudaria no desenvolvimento do Domo Dourado, mas isso tudo parece improvável atualmente. O projeto – que, além de tudo, é muito caro – também deve demorar bem mais de três anos para sair do papel – isso se ele sair do papel algum dia.

Enquanto não sai do papel, o Domo Dourado já está dando o que falar. O projeto foi criticado pela China, por meio da porta-voz diplomática Mao Ning, que disse que ele aumenta a militarização do espaço e busca segurança só para os Estados Unidos enquanto prejudica a estabilidade global.

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Aumentar o sistema de defesa dos EUA, alguns argumentam, pode intensificar uma corrida armamentista com outros oponentes, como aconteceu durante a Guerra Fria. A julgar pelas notícias, o passado não está tão distante.

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