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EUA autorizam caçadores a entrar no país com presas de elefante e outros “troféus”

Os defensores da caça legalizada dizem que ela ajuda a financiar os esforços de preservação de animais selvagens; mas não é isso o que mostram estudos a respeito

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 mar 2024, 09h07 - Publicado em 8 mar 2018, 17h26

O governo dos EUA publicou na semana passada um documento que autoriza caçadores e turistas a entrarem no país com presas de elefante, peles de leão e outros “troféus” trazidos de determinados países africanos. A importação de itens desse tipo havia sido proibida pela gestão Obama, e liberada parcialmente em dezembro de 2017, mas em condições diferentes das que passarão a vigorar agora.    

Na época, antes de assumir a presidência, Donald Trump havia publicado um tweet em que se opunha claramente à caça de espécies ameaçadas de extinção. “(…) eu dificilmente vou mudar minha opinião de que este show de horrores não ajuda em nada a preservação de elefantes ou de qualquer outro animal.”

De agora em diante, será permitida a entrada de souvenirs provenientes de Zimbábue, Zâmbia, Tanzânia, África do Sul, Botsuana e Namíbia. Esses países autorizam a caça de animais em risco de extinção mediante o pagamento de taxas altíssimas pelos caçadores, que são revertidas em medidas de preservação. Em teoria, os casos são analisados um a um por agentes da alfândega, que verificam se os troféus são mesmo fruto de caça legalizada.

Os defensores da prática afirmam que essa é a melhor forma de financiar a preservação a longo prazo. “Eu estou nesse negócio há muito tempo e já ouvi muitos defensores dos direitos dos animais dizerem que vão salvar os rinocerontes e elefantes. Mas somos nós que damos a grana para fazer acontecer”, afirmou ao New York Times Richard Parsons, diretor executivo do Safari Club International (SCI) – uma das maiores associações de caçadores do mundo. “Na nossa opinião, o Fish and Wildlife Service [órgão federal dos EUA que regula questões associadas à vida selvagem] está no caminho certo e vai tomar uma decisão sólida a favor da preservação dos elefantes.”

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Jan Stander, diretor de um parque de preservação chamado Phundundu, no Zimbabue, concorda. Ao jornal norte-americano, ele afirmou que as taxas pagas pelos caçadores de outros países para abater animais a tiros (um elefante sai por US$ 80 mil, e um leão US$ 130 mil) são as principais responsáveis por financiar a manutenção da reserva natural. “A única razão pela qual ainda há elefantes e leões no Zimbábue é o dinheiro trazido pela caça (…) Eu uso as taxas justamente para pagar os esforços de conservação dos animais.”

Relatórios e estudos científicos sobre a prática, porém, não são tão otimistas. Os fundos arrecadados com a caça legalizada podem ser facilmente desviados por autoridades corruptas, e a morte de animais em idade reprodutiva causa perdas irreparáveis ao equilíbrio ambiental. Uma análise publicada em 2016 pelo Conservation Act Trust conclui que “(…) embora a caça e os troféus sejam considerados uma ferramenta de conservação eficiente, a análise de seis países africanos revela que eles não só têm um impacto negativo nas populações selvagens como há uma ligação muito próxima entre caça legal e ilegal”.

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