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Extintas há quase 20 anos, ararinhas-azuis retornam ao Brasil

52 ararinhas chegaram ao país nesta terça, vindas da Alemanha, como parte de um esforço para reintroduzir a espécie na natureza.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 4 mar 2020, 16h40 - Publicado em 3 mar 2020, 16h48

A última vez que uma ararinha-azul foi avistada no Brasil foi em outubro de 2000. Depois disso, o último macho conhecido da espécie sumiu – e a Cyanopsitta spixii foi dada como extinta por aqui. Como o único lugar que ela habitava eram as matas brasileiras, a ave também foi considerada extinta da natureza em geral. Passou a existir somente em cativeiros privados, a maioria deles fora do país. Agora, 20 anos depois, as ararinhas-azuis voltarão a voar pelas matas de Curaçá, no sertão da Bahia, como resultado de um esforço nacional e internacional para a preservação da espécie.

Vindas da Alemanha, 52 ararinhas-azuis chegaram ao Brasil na última terça-feira (3), desembarcando no Aeroporto de Petrolina, em Pernambuco. Elas serão levadas para a cidade de Curaçá, na Bahia, onde um centro de acolhimento e reprodução foi construído especialmente para a espécie. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), as aves passarão por um período de quarentena para adaptação e treinamento, e deverão começar a se reintroduzidas na natureza a partir de 2021.

A ararinha-azul foi descoberta há 200 anos pelo naturalista alemão Johann Baptist von Spix. Ela é uma espécie que vivia exclusivamente no bioma de caatinga do norte da Bahia, mas a caça e o tráfico de vida selvagens fizeram com que as ararinhas desaparecessem da natureza. Com isso, a espécie passou a ser considerada na categoria “Perigo Crítico” da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e também apontada como uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo.

Desde a década de 1990, quando a diminuição das ararinhas passou a ser notada, esforços para reproduzir a espécie em cativeiro começaram a despontar fora do país. A chegada das novas representantes em terras brasileiras, por exemplo, é resultado de uma parceria entre o ICMBio e a instituição alemã Association for the Conservation of Threatend Parrots

SI_Arara_azul_1
(ICMBio/Reprodução)
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Os 24 machos e 28 fêmeas, com idades entre um e 26 anos, serão mantidas no Centro de Reprodução e Reintrodução das Ararinhas-Azuis, construído sob medida para as aves (e também para os pesquisadores que as acompanharão de perto). Quando estiverem prontas, serão soltas em duas Unidades de Conservação: o Refúgio da Vida Silvestre da Ararinha Azul e a Área de Proteção Ambiental da Ararinha-Azul, com 29,2 mil e 90,6 mil hectares cada, respectivamente.

O dia escolhido para o desembarque, 3 de março, não foi aleatório: é o Dia Internacional da Vida Selvagem, data criada pela ONU para celebrar a diversidade da fauna e da flora do planeta e também para alertar contra os perigos que ameaçam essas espécies, principalmente o tráfico de vida selvagem.

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