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Faturamento da JBS aumentou 3.400% nos últimos dez anos

Maior conglomerado privado do país, empresa gastou meio bilhão em propina. E saiu barato.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 20 Maio 2017, 00h02 - Publicado em 20 Maio 2017, 00h00

Friboi, Seara, Vigor, Swift e até Havaianas. A lista de marcas que estão sob o selo JBS vai longe. E a atuação da empresa em esquemas de corrupção, ao que parece, também. Com as delações de Joesley e Wesley Batista, que estremeceram a República nesta semana, um grande número de esquemas de favorecimento vieram à tona. Entre mensalinhos, mensalões e doações a políticos, o fato é que a marca registrou um crescimento gigantesco, multiplicando seu faturamento por 35 (3.400%) nos últimos dez anos.

Os negócios da JBS ganham volume a partir de 2007, quando a empresa abre seu capital e deixa de ser Friboi para adotar o nome que leva atualmente. Sendo beneficiada por incentivos conseguidos junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) hoje, dono de 21% do grupo, seu faturamento pula da casa dos 4 bi em 2006 para mais de 14 bi no ano seguinte.

Com o rápido crescimento, se inicia o processo de internacionalização dos negócios da empresa. Acontecem as compras de importantes rivais do setor alimentício, como as norte-americanas Swift e Pilgrim’s Pride. O apoio financeiro que o BNDES proveu à JBS, aprovando um crédito de R$ 287 milhões nessa época de fusões é, até hoje, alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU). Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento dos governos petistas, foi apontado por Joesley como “operador dos interesses do grupo” junto ao banco.

Coincidentemente, as doações feitas às campanhas políticas caminham lado a lado com a parceria. Estima-se que quase meio bilhão a políticos e partidos nas eleições entre 2006 e 2014, segundo dados do TSE. O valor corresponde a 18,5% do emprestado junto ao BNDES entre 2005 e o ano da última eleição presidencial.

Também em 2014, o grupo JBS entra como principal financiador das campanhas da ex-presidente Dilma Roussef e do senador Aécio Neves – que também foi gravado pedindo R$ 2 milhões “para sua defesa na Lava Jato”. Os R$ 5 milhões que cada um recebeu na época, representaram quase a metade do orçamento de cada campanha. Temer, com quem Joesley disse ter negociado pessoalmente várias vezes, também teria recebido 15 milhões nessa época, utilizados para a compra de apoios políticos para a chapa.

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Bondade? Entusiasmo pela política brasileira? Não exatamente. Auxílios fiscais por parte dos estados, por exemplo, explicam melhor esses repasses financeiros.

O governador do estado, Silval Barbosa, do PMDB, teria recebido R$ 30 milhões em propinas, entre 2012 e 2014. A mesada tinha como moeda de troca a concessão de um crédito de (Imposto sobre Mercadoria e Circulação de Serviços) orçado em cerca R$ 74,6 milhões, além de benefício fiscal estendido para todos os frigoríficos da JBS no Mato Grosso.

Essas e outras revelações foram possíveis por conta do esquema de delação premiada. O acordo fechado pelos irmãos Batista, não prevê denúncia criminal pelo Ministério Público – apenas pagamento de uma multa de R$ 225 milhões. Ou seja, vão contar tudo que sabem sem ter de se preocupar em ver o sol nascer quadrado depois.

A JBS é o segundo maior conglomerado empresarial do Brasil – atrás apenas da Petrobras. Vende para mais de 150 países e tem um faturamento anual na casa dos 170 bilhões. A empresa fechou o primeiro trimestre deste ano com um lucro líquido de R$ 422 milhões. Os R$ 225 mi de “fiança eterna”, portanto, não devem fazer cócegas no império dos Batista.

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