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NASA quer receber turistas na Estação Espacial a partir de 2020

Agência quer estimular atividades comerciais na ISS — a ideia é privatizar a órbita terrestre baixa para poder focar na exploração do espaço profundo.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 11 jun 2019, 09h10 - Publicado em 10 jun 2019, 19h22

Mais do que nunca, a Estação Espacial Internacional (ISS) está aberta para negócios. Foi esse o grande mote de uma coletiva de imprensa com oficiais da NASA que ocorreu na última sexta-feira (7). Durante o evento realizado na Nasdaq, bolsa de valores em Nova York especializada em empresas de tecnologia, os executivos da agência anunciaram um pacote de medidas que visa abrir o complexo orbital ao setor privado.

Uma das que mais se destaca é o turismo. Astronautas desvinculados de agências espaciais prometem se tornar mais comuns nos próximos anos. De acordo com Robyn Gatens, diretor da ISS, a estação tem capacidade de acomodar até duas viagens privadas de curta duração por ano, cada uma levando 6 turistas. Elas podem durar até um mês, e ao todo uma dúzia de astronautas privados podem fazer visitas em um ano.

Essa possibilidade só foi colocada na mesa depois do recente programa Commercial Crew, no qual a NASA ajudou as empresas SpaceX e Boeing a desenvolverem suas cápsulas tripuladas — e as contratou para levarem seus astronautas até a ISS algumas vezes. Antes disso, os norte-americanos tinham de recorrer aos russos para fazer a viagem.

Mas, por enquanto, só pessoas extremamente ricas poderão arcar com essa aventura. Para voar em uma das cápsulas privadas, o preço de ida e volta é estimado em US$ 58 milhões. Atrasos na fase final da montagem e testes das cápsulas adiaram as operações para 2020. Antes disso, será impossível turistar na ISS. E os custos não param por aí. A NASA ainda vai cobrar US$ 35 mil por astronauta para cada pernoite no “hotel” orbital.

Esse valor cobre comida, água e o uso do sistema de suporte à vida. Acesso à internet, contudo, não está incluso no pacote. Se o visitante quiser se conectar para postar uma bela selfie com o planeta Terra de fundo, ou então para matar as saudades dos familiares, terá de pagar um adicional de 50 dólares por gigabyte. Alguns turistas já se aventuraram na ISS: o último a dar rolê lá em cima foi Guy Laliberte, fundador do Cirque du Soleil, em 2009.

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Mas, na última década, as coisas ficaram meio paradas nesse ramo. Agora está havendo um renascimento do turismo espacial, com a Rússia também pretendendo voltar a explorar a atividade em 2021. Só que essa é só uma das áreas comerciais que a NASA planeja estimular com muito mais intensidade daqui para a frente.

Fabricação em microgravidade é outra vertente muito promissoras da nova economia espacial — certos materiais ficam muito melhores quando produzidos lá em cima. Além de dispor de mais tempo e espaço na estação orbital para fazer pesquisa e desenvolvimento, a indústria terá um dos módulos dos EUA para chamar de seu por um tempo, para aprender a construir suas próprias estações espaciais comerciais.

Com tudo isso, a NASA deseja criar uma economia comercial pujante na órbita terrestre baixa e tornar-se cliente dos serviços oferecidos. Assim, poderá mudar de foco e canalizar seus recursos para o espaço profundo, através de um programa lunar ambicioso para a próxima década que pode culminar na primeiras viagens a Marte no início dos anos 2030. Para isso acontecer, será preciso passar o bastão da ISS e da órbita baixa ao setor privado.

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