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Os protocolos para comunicar a morte da rainha da Inglaterra

A operação London Bridge começou antes mesmo que Elizabeth desse seu último suspiro. E segue a burocracia que marcou toda a sua vida.

Por Alexandre Carvalho
Atualizado em 12 set 2022, 18h16 - Publicado em 8 set 2022, 20h11

Não deveria ser uma surpresa para os mais próximos. Aos 96 anos, a rainha Elizabeth teve Covid e já vinha lidando com problemas de mobilidade há algum tempo. Também desmarcou compromissos, mas reuniu forças para, nesta terça, 6 de setembro, nomear Liz Truss como a nova primeira-ministra do seu país, após a renúncia de seu antecessor, Boris Johnson.

Claro, quando uma monarca está se aproximando dos 100 anos, é de se imaginar que, mesmo sem um problema de saúde mais preocupante, algo possa acontecer repentinamente. Por isso, o Palácio de Buckingham já tinha um planejamento para o dia em que sua rainha se despedisse. Um passo a passo que ganhou o nome de London Bridge (“Ponte de Londres”). O porquê? De acordo com o projeto, a morte da rainha é comunicada com uma frase codificada: “a ponte de Londres caiu”.

Se pôde viver um luxo inacessível a quase todo o resto do mundo, Elizabeth teve de se acostumar desde criança às burocracias que sua condição de monarca implicava. E não seria diferente em sua morte. 

O London Bridge previa que sua família e médicos estivessem todos presentes na momento da morte (um infarto agudo poderia arruinar essa etapa, mas tudo indica que a rainha já estava em seus últimos momentos). A família é a primeira a ser comunicada do fato, pouco antes do secretário particular da rainha. 

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É esse secretário, Edward Young, quem comunica a primeira-ministra. E, a partir desse ponto, a notícia se espalha. A informação é passada aos 15 territórios fora do Reino Unido onde Elizabeth também é chefe de Estado (posto que representa o país, mas não o governa) e aos outros 36 países da Comunidade Britânica das Nações, composta, em sua maioria, por Estados que já fizeram parte do Império Britânico em algum momento da história – e para os quais a majestade de Elizabeth ainda tem um certo valor simbólico. 

Então não tem mais como segurar a informação. Ela chega simultaneamente à imprensa do mundo todo. (Antigamente, a BBC tinha prioridade no comunicado. Apesar da perda da notícia exclusiva, a TV não abdicou de seu respeito à monarquia: os âncoras dos telejornais têm roupas pretas à disposição para o caso de algum membro da família real morrer.) 

Após essa sequência de comunicados, um dos rituais da realeza britânica acontece: um representante se dirige à sacada do Palácio de Buckingham vestido de preto. Os britânicos sabem a gravidade desse comunicado. Assim que o anúncio é feito, a maioria dos funcionários do palácio é mandada para casa. E, sinal dos tempos, o site oficial da família real também se torna uma tela preta, apenas com o comunicado da morte. 

Todas as bandeiras dos palácios ficam a meio-mastro num prazo de dez minutos. As atividades governamentais são suspensas por dez dias, exceto atividades essenciais.

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O dia do funeral, então, é declarado feriado. E o caixão da rainha será preparado para que seus súditos possam se despedir de Elizabeth, dando fim a uma relação de quase um século (sete décadas de reinado).

Assim que a morte foi oficializada, o príncipe Charles se tornou imediatamente o novo chefe de Estado do povo britânico: rei Charles 3º. Mas sua coroação só deve acontecer daqui alguns meses.

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