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As maiores estrelas que existem

A cada 10 000 astros do tamanho do Sol, existe apenas uma estrela hipergigante.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h39 - Publicado em 31 Maio 1996, 22h00

Augusto Damineli Neto

Elas são raríssimas: entre os mais de 200 bilhões de estrelas da Via Láctea, há apenas algumas dezenas de hipergigantes. Ainda assim, são muito importantes para a Astronomia. Estudando-as, os astrônomos “viajam” aos primórdios da formação das galáxias, há cerca de 15 bilhões de anos. Um tempo em que o céu era esplendidamente iluminado por esses super-holofotes, cuja potência luminosa ultrapassa a do Sol em até 1 milhão de vezes.

As hipergigantes são exageradas em tudo: têm pelo menos cinqüenta vezes a massa solar e podem ser tão grandes que preencheriam toda a distância do Sol a Saturno, 1,4 bilhão de quilômetros (veja os quadros na página ao lado). A sua raridade tem a ver com o processo de nascimento de estrelas: é muito mais fácil para o Cosmo construir estrelas pequenas. A cada 10 000 sóis como o nosso, surge apenas uma hipergigante.

Elas são mais comuns nas galáxias jovens, carregadas de gases que constituem berçários estelares. Onde tem mais gás, tem mais estrelas, entre elas, hipergigantes. O telescópio IRAS, que vasculhou os confins do Universo, detectou diversas galáxias estranhas no fundo do céu. Eram gigantescos ninhos de estrelas de alta massa aquecendo a nuvem de gases da qual nasceram. Alguns bilhões de anos mais tarde, boa parte do gás já se esgotou, reduzindo drasticamente a taxa de natalidade estelar. Outro fator contribui para que existam poucas dessas jamantas cósmicas: elas têm vida muito mais curta do que as estrelas menores: apenas 1 milhão de anos (o Sol já tem 5 bilhões de anos e vai viver pelo menos outros 5 bilhões). Assim, as que nasceram no início do Cosmo já desapareceram faz tempo. E hoje não há mais matéria-prima suficiente para fabricá-las a rodo. Por isso, é bem mais difícil encontrar uma hipergigante.

A sorte dos astrônomos é que algumas galáxias produzem estrelas num ritmo bem mais lento do que a Via Láctea. Sorte maior ainda é que uma dessas “preguiçosas” está ao nosso lado, a apenas 180 mil ano-luz (um ano-luz vale 9,5 trilhões de quilômetros). É a Grande Nuvem de Magalhães, que ainda tem imensos reservatórios gasosos de onde saem muitas hipergigantes. Num desses berçários, chamado 30 Doradus, existem centenas de estrelas de alta massa. Examinando o enxame, vê-se como era a Via Láctea de 12 bilhões de anos atrás.

Mas os astrônomos têm outro problema: as hipergigantes costumam brincar de esconde-esconde. Sempre obscurecidas por densas nuvens de gases, só é possível distinguí-las das estrelas menores quando entram na chamada fase de variável luminosa azul. Nessa fase, em apenas 20 000 anos, a estrela joga para o espaço 90% de sua massa. Existe apenas meia-dúzia nessa fase na Via Láctea. Uma delas, a Eta Carinae, a apenas 8 mil anos-luz da Terra, teve uma erupção espetacular no final do século XIX (veja Universo, número 4, ano 8). Na época, durante trinta anos, ela emitiu tanta energia quanto uma supernova (que é a explosão de uma estrela que está morrendo). Apesar disso, Eta Carinae não se desintegrou, como seria de se esperar. Jogou para o espaço poeira suficiente para formar 1 milhão de planetas como Júpiter. E continua lá, inteira, de cem a 150 vezes mais “pesada” que o Sol. Ninguém sabe explicar como isso foi possível.

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Trabalhando na faixa do infravermelho e selecionando os átomos de hélio, eu consegui detectar o corpo da estrela através das nuvens de poeira e gases que a envolvem. Ela pulsa em intervalos regulares de 2 014 dias. Quer dizer, brilha de forma regular por 5 anos e meio, mais ou menos. De repente, os átomos de hélio param de emitir luz por oito meses. Depois, voltam a brilhar. Em junho de 1992, “apagou-se” uma quantidade de átomos de hélio equivalente a 1 500 sóis. Em novembro, o hélio voltou a se iluminar.

Conhecendo o ritmo do pisca-pisca, é possível marcar um encontro: em dezembro de 1997, o hélio deve se apagar novamente. Esta foi a primeira vez que se previu algo do comportamento de uma hipergigante. Quarenta astrônomos do munto todo estão organizando um verdadeiro safari cósmico para essa data. Serão usados três satélites de raios-X, três radiotelescópios, um telescópio em ultravioleta e vários outros que captam luz visível e infravermelho, além do Hubble. Acompanhando cada cintilação, esperamos revelar a face oculta da Eta Carinae.

Augusto Damineli Neto é doutor em Astrofísica pelo Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo

Imensas, pesadíssimas e superiluminadas

Veja aqui, pelas comparações, alguns dos exageros das hipergigantes.

Luminosidade

Se o Sol emitisse a luz de uma lanterna, a hipergigante teria a potência luminosa da população de Goiânia – quase 1 milhão de habitantes – com uma lanterna acesa na

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Peso

Se o Sol fosse um bebê recém-nascido, com 3,5 quilos, a hipergigante seria um homem de 140 quilos, mais ou menos como o Jô Soares.

Tamanho

Se o Sol fosse uma formiguinha lavapé, de 1,5 milímetro de comprimento, a hipergigante seria um elefante, que mede cerca de 3 metros.

Idade

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Se a idade atual do Sol, 5 bihões de anos, fosse reduzida a um ano, a hipergigante teria vivido apenas uma hora e meia do dia 1° de janeiro.0s mãos.

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