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Custo energético de IA pode aumentar poluição e contribuir para 600 mil casos de asma

Até 2030, a demanda dos data centers pode causar 1.300 mortes prematuras só nos Estados Unidos. Entenda.

Por Eduardo Lima
12 dez 2024, 14h00

A maioria dos programas de inteligência artificial (IA) hoje em dia são modelos de linguagem em grande escala, que precisam ser treinados com muitos e muitos textos para conseguir realizar processamento da linguagem natural. Isso significa gerar textos baseados em uma miríade de outros textos, como o ChatGPT faz.

Esses e outros tipos de IA precisam de muito poder de fogo computacional para funcionar. O custo energético dos data centers – centrais de processamento de dados que fornecem os computadores para fazer uma IA funcionar – é alto, e pode aumentar a emissão de gases poluentes.

Agora, um novo estudo pré-publicado – ou seja, que ainda não passou por revisão de pares – disponibilizado no site arXiv afirmou que as IAs já estão causando impactos negativos na saúde pública. Até 2030, essa poluição pode contribuir para 600 mil casos de asma – doença pulmonar crônica que pode ser desencadeada por poluição – e 1300 mortes prematuras por ano só nos Estados Unidos (onde 60% da eletricidade vêm de combustíveis fósseis). Isso representaria um terço de todas as mortes anuais por asma no país.

Em entrevista ao site NewScientist, a pesquisadora e co-autora do estudo Shaolei Ren, da Universidade da Califórnia em Riverside, explicou que esses impactos substanciais “não estão limitados ao pequeno raio dos locais de onde os data centers operam”. A poluição no ar pode viajar milhares de quilômetros, aumentando os níveis de poluentes até no outro canto do país, indo da Califórnia para a Flórida, por exemplo.

R$ 120 bi em saúde pública

As estimativas do estudo foram baseadas nas projeções de demanda de eletricidade dos data centers. Parte dessa demanda, nos Estados Unidos, é resolvida com a queima de combustíveis fósseis – que produz poluentes, como partículas finas. Segundo os pesquisadores, a poluição causada pelo treinamento de um modelo de linguagem em grande escala é equivalente à poluição que um carro fazendo 10 mil viagens de ida e volta entre Los Angeles e Nova Iorque emite.

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Para emular os impactos dessas emissões nos Estados Unidos, eles usaram uma ferramenta da Agência de Proteção Ambiental dos EUA. O custo com saúde pública decorrente da poluição das IAs passaria da casa dos US$ 20 bilhões (R$ 120 bi) até 2030.

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Esse é o dobro do custo com saúde pública que a indústria de aço teria no mesmo período, e a quantia provavelmente rivaliza com os impactos de saúde das emissões de veículos nos maiores estados do país.

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Esses data centers já fazem mal para a saúde dos norte-americanos. O Data Center Alley, no estado da Virgínia, já pode estar por trás de 14 mil casos de asma – e de US$ 220 milhões a US$ 300 milhões de gastos em tratamentos de saúde por ano. E isso acontece quando as emissões dos geradores estão em 10% do nível permitido pelo Estado. Operando no limite, o problema pode ficar muito maior.

Esse é o primeiro estudo a medir o impacto energético dos data centers em termos concretos, quantificando em dólares o custo para a saúde pública que eles causam. Mais estudos na área são necessários para validar as descobertas e pensar em soluções mais sustentáveis para a indústria das IAs.

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